Pra.Maria Luísa Duarte Simões Credidio
Hoje em dia a Igreja fala muito em quebra de maldição, evangelho da prosperidade, e outras neobesteiras. Há até ministérios específicos para isso, vendendo livrinhos de oração para todas as situações, toalhinhas bentas, vidrinhos de óleo de Jerusalém e tudo o mais que se pensar.
Infelizmente hoje o evangelho está morto e cheio de dogmas. Certa vez, numa igreja do Jardim da Saúde, que meu marido frequentava, uma presbítera tentou fazer nele uma unção peniana, ao lado de uma pastora e uma diácona, pois o trio afirmava que o pênis dele carregava maldição. Você aceitaria isso? Ou aceitaria se a igreja quisesse lhe vender uma toalhinha “abençoada” que tira mau-olhado e quebra feitiço? Ou toparia se lhe convidassem para uma regressão intra-uterina profunda que detectasse que você tem maldições que te acompanham desde os tempos primordiais de sua família e que elas precisam ser quebradas, e que somente aquela pastora, a “ungida” de Deus pode fazê-lo? Com certeza qualquer dessas coisas iria trazer estranheza a seu entendimento das escrituras.
E entrevista com demônios? Há locais, infelizmente chamados de igrejas, que mandam o demônio ficar ajoelhado e com as mãos amarradas e ficam interrogando o "ilustre visitante". Não existe base bíblica para essas barbaridades! Jesus, só uma vez conversou, quando permitiu que os espíritos imundos entrassem nos porcos – Mateus 8:32 e Marcos 5:8,9. Em Marcos 1:25, Cristo diz apenas – "Cala-te, e sai dele". Em Lucas 9:42 "... Jesus repreendeu o espírito imundo...”. Vejamos ainda em Lucas 10:17 "Senhor, pelo teu nome até os demônios se nos submetem" e em Atos 16:18 "Em nome de Jesus Cristo, ordeno-te que saias dela...".
Antigamente, quando se percebia que alguma manifestação ia acontecer, todos oravam e o dirigente falava simplesmente - sai em nome de Jesus. Muitas vezes havia resistência. Mas a expressão era sempre a mesma. - Sai, sim, em nome de Jesus.
Agora, antes de expulsar um demonio, ficam fazendo entrevista com ele: querem saber o nome, quem mandou, o que ele quer,etc. E o pior de tudo é que depois, chamam o 'liberto" para dar testemunho e contar uma porção de coisas que o demônio fazia com ele. Gastam o tempo da celebração falando do diabo e não de Jesus!
Assim é grande parte das igrejas brasileiras de hoje, ditas evangélicas. Faz-se qualquer coisa, inventa-se um estratagema qualquer, "milagres" aos borbotões, para não perder a preciosa colaboração financeira dos frequentadores. Lançam o Evangelho no ridículo, a ponto de eu ouvir de um lider batista muito sério, que uma tenue linha separa os pastores dos bandidos.Verdade, triste verdade!
E sempre aparecem noidades. Quem não se lembra dos dentes de ouro? Todo mundo queria ter um dente de ouro, até mesmo aqueles que usavam dentaduras. Um certo bispo – na época ainda não tinha essa onda de apóstolo-, disse para um fiel jogar fora a dentadura que Deus iria dar-lhe todos os dentes de ouro, e isso seria uma prova inequívoca de fé. Não é preciso lhes dizer que o homem ficou banguelinha, banguelinha, e precisou fazer dentadura nova, preciso?
Vejo com muita tristeza, pessoas se vendendo por tão pouco, por uma ilusão, seguindo homens que afirmam sem medo nenhum que o evangelho está morto e cheio de dogmas. Homens que precisam ler mais a Bíblia, pois usam dela apenas o que lhes é conveniente.
Por causa desse evangelho distorcido, identidades estão sendo perdidas. Há igrejas que por medo de perderem seus crentes para a concorrência, deixaram de lado a pregação do evangelho, para aderirem ao gospel, um neologismo inglesado que nos impuseram e não deve ser chamado de evangelho, pois não esclarece, confunde.
Há até mesmo alguns espertos que registraram o nome gospel como marca!
Hoje troca-se a pureza, a retidão do Evangelho, pelas leis de mercado onde as igrejas são meros negócios travestidos de templos. E nesses negócios, rios de dinheiro correm, a lavagem de dinheiro é feita a rodo, para quem pagar mais, seja o narcotráfico ou o PCC.
O que mais se ouve, nos nossos dias, é o 'adaptar-se', cuja tradução mais correta seria "mudar aquilo que o Evangelho prega, para não perder fiéis". Querem gospel? Tacamos-lhes gospel! Querem bagunça, reggae dentro da igreja! Toleremos, pois afinal é isso que os mantém aqui...Covardes! Ladrões empoleirados em púlpitos! Trocam a bênção da palavra pela inutilidade do movimento gospel.
Infelizmente muitos dos que se acovardaram e permitiram que suas igrejas fossem contaminadas pelos novos modismos perderam a sua identidade definitivamente. Charles Spurgeon diz que " A igreja deve atrair pela diferença e não pela igualdade”. Houve um tempo em que os crentes eram diferentes. Hoje a grande maioria optou pela igualdade, pela padronização. Falam "crentês", vestem-se da mesma forma, comportam-se como um batalhão de soldadinhos de chumbo. Tenho uma amiga que os chama de "lobotomizados".
Ouvi outro dia um pastor chamar uma determinada denominação de "quadrilha". Choquei-me. Mas é exatamente o que são! Homens ávidos por dinheiro, cujo negócio é abrir mais e mais igrejas, para aumentar a arrecadação. Jogam na bolsa milhões e milhões. Compram empresas, imóveis, tudo,enfim. Por causa destes homens, nós, os crentes em Cristo somos ridicularizados com o slogam " templo é dinheiro" ,usado num programa humorístico. E penso: para todos os que montaram uma "quadrilha" travestida de igreja, templo é mesmo dinheiro. A mídia tem trazido as casas onde moram, os carros blindados com que andam, o luxo em que vivem esses "homens de negócio". Tratam a fé como uma mercadoria a ser vendida de forma fenomenal, para derrota da concorrência. E para derrotar a concorrência, vale inventar qualquer modismo, novidades que vão da unção peniana, ao reggae dançado dentro da igreja, como louvor. Tratam Deus como um empregado sempre pronto a atender seus pedidos. E também aos pedidos de seus fiéis, desde que intermediados por eles, depois de uma oração e "uma pequena contribuição". E você, meu amigo, além de tudo isso, assiste à guerra pelo espaço nas televisões, onde em vez de pregações, vendem suas mercadorias...Mascates da fé!
Que desperdício! Poderiam estar pregando o Evangelho. Mas não querem. Querem igrejas ricas, para desfrutar dessa riqueza.
Uma pena.
Que Deus tenha misericórdia deles.
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