domingo, 28 de novembro de 2010

ENGANAÇÕES VIRTUAIS

 Me engana que eu gosto
Ed René Kivitz

As culturas devem ser lidas nas linhas e entrelinhas. As linhas falam da coisa em si. As entrelinhas falam do espírito da coisa. As entrelinhas podem distorcer e até mesmo destruir o que está dito nas linhas.

Com a cultura cristã não é diferente. Veja o exemplo da assinatura da Igreja Universal do Reino de Deus, a saber, Jesus Cristo é o Senhor. De acordo com o Novo Testamento, isso significa que devemos viver como escravos dos propósitos de Jesus Cristo: ele manda e a gente obedece, ele propõe e a gente executa, ele dirige e a gente segue, pois afinal de contas, Ele é o Senhor. Mas na cultura da IURD, as entrelinhas dessa afirmação fazem com que ela signifique que Jesus pode realizar todos os seus desejos, afinal de contas Ele é o Senhor. A relação fica invertida: você clama e ele responde, você reivindica e ele atende, você pede com fé e ele lhe dá o que foi pedido, você participa da corrente de oração e se submete aos 318 pastores e Jesus faz a sua vida próspera e confortável, pois Jesus Cristo é o Senhor e você é “filho do rei”, de modo que não há qualquer motivo para que você continue nessa vida miserável, daí a segunda convocação da IURD: “para de sofrer”. Percebe como as linhas dizem uma coisa e as entrelinhas dizem outra?

O movimento evangélico é mestre em fazer confusão e promover distorção do Evangelho em virtude desse jogo de linhas e entrelinhas. Um exemplo disso é a mensagem VAI DAR TUDO CERTO, que recebi essa semana.

SALMO 22
VAI DAR TUDO CERTO

DEUS me pediu que te dissesse que tudo irá bem contigo a partir de agora.
Você tem sido destinado para ser uma pessoa vitoriosa e conseguirá todos teus objetivos.
Nos dias que restam deste ano se dissiparão todas as tuas agonias e chegará à vitória.
Esta manhã bati na porta do céu e DEUS me perguntou...
'Filho, que posso fazer por você ?'
Respondi:
'Pai, por favor, protege e bendiz a pessoa que está lendo esta mensagem'.
DEUS sorriu e confirmou: 'Petição concedida'.
Leia em voz baixa...
'Senhor Jesus :
Perdoa meus pecados.
Amo-te muito, te necessito sempre, estás no mais profundo de meu coração, cobre com tua luz preciosa a minha família, minha casa, meu lugar, meu emprego, minhas finanças, meus sonhos, meus projetos e a meus amigos'.
Passe esta oração a 5 pessoas, no mínimo.
Receberás um milagre amanhã.
Não o ignore.

Deus tem visto suas Lutas.
Deus diz que elas estão chegando ao fim.
Uma benção está vindo em sua direção.
Se você crê em Deus, por favor envie esta mensagem para 20 amigos.
Se acredita em Deus envia esta mensagem a 20 pessoas,
se rejeitar lembre Jesus disse:
“se me negas entre os homens, te negarei diante do pai” Dentro de 4 minutos te dirão uma notícia boa

Deixo de lado a crítica gramatical e o péssimo uso da lingua portuguesa. Dedico minha atenção ao conteúdo da mensagem que, travestida de cristã, é absolutamente anti-cristã: mentirosa, fantasiosa, desprovida de qualquer sentido bíblico, desalinhada com o todo do ensino e experiência de Jesus, seus apóstolos, e seus primeiros seguidores, totalmente alinhada com os dircursos baratos da auto-ajuda e da enganação religiosa, enfim, uma versão barata e piedosinha da superstição sincrética do espiritualismo popular.

A afirmação “vai dar tudo certo”, lida de acordo com as linhas do Novo Testamento, significaria, por exemplo, que os propósitos de Deus prevalecerão, a marcha da igreja de Jesus Cristo contra os poderes do mal será vitoriosa, a vontade de Deus será um dia feita na terra como o céu. Mas também significaria que os seguidores de Jesus seriam sempre ovelhas em meio aos lobos [Mateus 10.16], odiados pelo sistema sócio-político-econômico anti reino de Deus, ameaçados de morte, rejeitados, caluniados, e perseguidos por causa do nome de Jesus [Mateus 5.10-12], e passariam por muito sofrimento e tribulação antes de receberam a vitória plena no reino eterno de Deus [Atos 14.22]. Isto é, antes de dar tudo certo, daria tudo errado.

A convicação de que “em Cristo somos mais que vencedores” [Romanos 8.37], e que “em Cristo Deus sempre nos conduz em triunfo” [2Coríntios 2.14], é também acompanhada de uma profunda compreensão a respeito dos custos de se colocar ao lado de Deus e do reino de Deus, em oposição à injustiça e aos agentes promotores e mantenedores da morte no mundo.

Porque me parece que Deus nos colocou a nós, os apóstolos, em último lugar, como condenados à morte. Viemos a ser um espetáculo para o mundo, tanto diante de anjos como de homens. Nós somos loucos por causa de Cristo, mas vocês são sensatos em Cristo! Nós somos fracos, mas vocês são fortes! Vocês são respeitados, mas nós somos desprezados! Até agora estamos passando fome, sede e necessidade de roupas, estamos sendo tratados brutalmente, não temos residência certa e trabalhamos arduamente com nossas próprias mãos. Quando somos amaldiçoados, abençoamos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, respondemos amavelmente. Até agora nos tornamos a escória da terra, o lixo do mundo.
[1Coríntios 4.9-13]
Fica, portanto, muito evidente que quando os cristãos do Novo Testamento diziam que “vai dar tudo certo” estavam afirmando coisas completamente diferentes dessas afirmadas na mensagem que recebi pela internet, que diz:

Tudo irá bem contigo a partir de agora.

Você tem sido destinado para ser uma pessoa vitoriosa e conseguirá todos teus objetivos.

Nos dias que restam deste ano se dissiparão todas as tuas agonias e chegará à vitória.

Cobre com tua luz preciosa a minha família, minha casa, meu lugar, meu emprego, minhas finanças, meus sonhos, meus projetos e a meus amigos'.

Receberás um milagre amanhã.

Uma benção está vindo em sua direção.

Dentro de 4 minutos te dirão uma notícia boa.

Meu amigo, minha amiga, não é verdade que “tudo irá bem contigo a partir de agora”, e também não é verdade que “você tem sido destinado para ser uma pessoa vitoriosa e conseguirá todos teus objetivos”. Não se iluda, pois não é verdade que “nos dias que restam deste ano se dissiparão todas as tuas agonias e chegará à vitória”. Preste atenção: o compromisso cristão não suplica que Deus cubra com sua luz “minha família, minha casa, meu lugar, meu emprego, minhas finanças, meus sonhos, meus projetos e a meus amigos”. Na verdade, o compromisso cristão exige que você deixe de viver para seus sonhos, seus planos e seus projetos e passe a viver para Deus, pois, como ensina a Bíblia, “o amor de Cristo nos constrange, porque estamos convencidos de que um morreu por todos; logo, todos morreram. E ele morreu por todos para que aqueles que vivem já não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou“ [2Coríntios 5.14,15], e justamente por isso é que quem deseja seguir a Jesus deve lmebrar o que Jesus disse:

"Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa, a encontrará. Pois, que adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou, o que o homem poderá dar em troca de sua alma?” [Mateus 16.24-26]

Também não é verdade que “receberás um milagre amanhã” e que “dentro de quatro minutos te dirão uma notícia boa”.

Pelo amor de Deus, jogue fora esse evangelho açucarado, que promete o que Deus jamais prometeu, e gera falsas esperanças nas pessoas. Respeite o sofrimento e a dor das milhares de pessoas que, apesar de sua fé, e talvez justamente por causa de sua fé, passam fome, não têm mínimas condições de sobrevivência, sofrem as consequências de tragédias pessoais e fatalidades naturais, são vítimas de um sistema mundano cruel, que as condena à escravidão e a uma vida sem futuro. Lembre dos cristãos que vivem na África, na Índia, na América Latina, e nos rincões miseráveis do Brasil. Seja solidário com as minorias: os negros escravizados, as mulheres violentadas, as crianças abusadas, as populações indígenas dizimadas, os refugiados de guerra, os perseguidos políticos, os desaparecidos. Respeite a grandeza dos cristãos perseguidos e mortos sob a tirania do fundamentalismo islâmico e dos regimes políticos ateístas. Pense um pouco se essa mensagem “vai dar tudo certo, todos os seus sonhos se realizarão, você vai receber um milagre amanhã” faz algum sentido na ala infantil do Hospital do Câncer, no campo de refugiados (mutilados) de Angola, ou nos casebres secos do sertão brasileiro.

Construa sua fé sobre um alicerce mais sólido. Por exemplo, o Salmo 22, aviltado com essa mensagenzinha “vai dar tudo certo”. Aliás, é bom lembrar que Bíblia não é um livro que pode ser manuseado por qualquer pessoa, de qualquer jeito. Da mesma maneira que não é qualquer pessoa que pode dar palpite a respeito do direito, de medicina, da engenharia, ou do marketing, também a teologia exige um mínimo de preparo, senão, muito preparo mesmo. Digo isso porque talvez o autor dessa mensagenzinha não saiba que o Salmo 22 é um dos Salmos messiânicos, que profetiza o sofrimento e o fracasso do Messias, que foi (1) abandonado por Deus e pelos homens [Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste? Por que estás tão longe de salvar-me, tão longe dos meus gritos de angústia? Meu Deus! Eu clamo de dia, mas não respondes; de noite, e não recebo alívio! Não fiques distante de mim, pois a angústia está perto e não há ninguém que me socorra], (2) rejeitado [Mas eu sou verme, e não homem, motivo de zombaria e objeto de desprezo do povo], (3) insultado [Caçoam de mim todos os que me vêem; balançando a cabeça, lançam insultos contra mim], (4) dilacerado pela dor que lhe foi brutalmente imposta [Como água me derramei, e todos os meus ossos estão desconjuntados. Meu coração se tornou como cera; derreteu-se no meu íntimo. Meu vigor secou-se como um caco de barro, e a minha língua gruda no céu da boca; deixaste-me no pó, à beira da morte. Cães me rodearam! Um bando de homens maus me cercou! Perfuraram minhas mãos e meus pés], e por fim (5) cuspido na cara e crucificado como impostor.

Para esse Messias não deu nada certo. Ele não recebeu uma boa notícia quatro minutos após sua agonia no Getsêmani, e também não recebeu um milagre no dia seguinte. No dia seguinte foi crucificado.

Mas esse Messias, apresentado pelo profeta como “homem de dores, que sabe o que é padecer” [Isaías 53], “Deus exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai” [Filipenses 2.9-11]. Isso sim é dar tudo certo.

Provavelmente alguém vai dizer que é isso o que a mensagenzinha da internet quis dizer. Mas não foi. Nas linhas, pode ter sido. Mas no contexto da religiosidade popular e da subcultura evangélica, a mensagenzinha sugeriu que “os seus sonhos e os seus projetos” darão certo, e que você pode esperar para amanhã aquela resposta milagrosa de Deus para resolver seus problemas e dificuldades particulares, e que em quatro minutos você vai receber uma notícia boa, muito provavelmente trazendo a você uma benção na forma de conforto e prosperidade.

Em síntese, a mensagenzinha pode ser interessante, pode trazer uma esperança e um conforto para quem está lutando contra um sofrimento ou uma dificuldade medonha, e pode até mesmo trazer um alívio do tipo “eu sei que não é bem assim, mas é bom pensar que é, ou acreditar que pode ser”. Mas definitivamente essa mensagenzinha não tem nada a ver com o Evangelho de Jesus Cristo.



2010 | Ed René Kivitz



sexta-feira, 19 de novembro de 2010

CHEGA DE BARBARIDADES E INVENCIONICES NO REINO DE DEUS!

Pra.Maria Luísa Duarte Simões Credidio

   Hoje em dia a Igreja fala muito em quebra de maldição, evangelho da prosperidade, e outras neobesteiras. Há até ministérios específicos para isso, vendendo livrinhos de oração para todas as situações, toalhinhas bentas, vidrinhos de óleo de Jerusalém e tudo o mais que se pensar.
  Infelizmente hoje o evangelho está morto e cheio de dogmas. Certa vez, numa igreja do Jardim da Saúde, que meu marido frequentava, uma presbítera tentou fazer nele uma unção peniana, ao lado de uma pastora e uma diácona, pois o trio afirmava que o pênis dele carregava maldição. Você aceitaria isso?  Ou aceitaria se a igreja quisesse lhe vender uma toalhinha “abençoada” que tira mau-olhado e quebra feitiço? Ou toparia se  lhe convidassem para uma regressão intra-uterina profunda que detectasse que você tem maldições que te acompanham desde os tempos primordiais de sua família e que elas precisam ser quebradas, e que somente aquela pastora, a “ungida” de Deus pode fazê-lo? Com certeza qualquer dessas coisas iria trazer estranheza a seu entendimento das escrituras.
   E entrevista com demônios? Há locais, infelizmente chamados de igrejas, que mandam o demônio ficar ajoelhado e com as mãos amarradas e  ficam interrogando o "ilustre visitante". Não existe base bíblica para essas barbaridades! Jesus, só uma vez conversou, quando permitiu que os espíritos imundos entrassem nos porcos – Mateus 8:32 e Marcos 5:8,9. Em Marcos 1:25, Cristo diz apenas – "Cala-te, e sai dele". Em Lucas 9:42 "... Jesus repreendeu o espírito imundo...”. Vejamos ainda em Lucas 10:17 "Senhor, pelo teu nome até os demônios se nos submetem" e em Atos 16:18 "Em nome de Jesus Cristo, ordeno-te que saias dela...".
Antigamente, quando se percebia que alguma manifestação ia acontecer, todos oravam e o dirigente falava simplesmente - sai em nome de Jesus. Muitas vezes havia resistência. Mas a expressão era sempre a mesma. - Sai, sim, em nome de Jesus.
Agora, antes de expulsar um demonio, ficam fazendo entrevista com ele: querem saber o nome, quem mandou, o que ele quer,etc. E o pior de tudo é que depois, chamam o 'liberto" para dar testemunho e contar uma porção de coisas  que o demônio fazia com ele. Gastam o tempo da celebração falando do diabo e não de Jesus!
Assim é grande parte das igrejas brasileiras de hoje, ditas evangélicas. Faz-se qualquer coisa, inventa-se um estratagema qualquer, "milagres" aos borbotões, para não perder a preciosa colaboração financeira dos frequentadores. Lançam o Evangelho no ridículo, a ponto de eu ouvir de um lider batista muito sério, que uma tenue linha separa os pastores dos bandidos.Verdade, triste verdade!
E sempre aparecem noidades. Quem não se lembra dos dentes de ouro? Todo mundo queria ter um dente de ouro, até mesmo aqueles que usavam dentaduras. Um certo bispo – na época ainda não tinha essa onda de apóstolo-, disse para um fiel jogar fora a dentadura que Deus iria dar-lhe todos os dentes de ouro, e isso seria uma prova inequívoca de fé. Não é preciso lhes dizer que o homem ficou banguelinha, banguelinha, e precisou fazer dentadura nova, preciso?
Vejo com muita tristeza, pessoas se vendendo por tão pouco, por uma ilusão, seguindo homens que afirmam sem medo nenhum que o evangelho está morto e cheio de dogmas. Homens que precisam ler mais a Bíblia, pois usam dela apenas o que lhes é conveniente.
 Por causa desse evangelho distorcido, identidades estão sendo perdidas. Há igrejas que por medo de perderem seus crentes para a concorrência, deixaram de lado a pregação do evangelho, para aderirem ao gospel, um neologismo inglesado que nos impuseram e não deve ser chamado de evangelho, pois não esclarece, confunde.
Há até mesmo alguns espertos que registraram o nome gospel como marca!
Hoje troca-se a pureza, a retidão do Evangelho, pelas leis de mercado onde as igrejas são meros negócios travestidos de templos. E nesses negócios, rios de dinheiro correm, a lavagem de dinheiro é feita a rodo, para quem pagar mais, seja o narcotráfico ou o PCC.
O que mais se ouve, nos nossos dias, é o 'adaptar-se', cuja tradução mais correta seria "mudar aquilo que o Evangelho prega, para não perder fiéis". Querem gospel? Tacamos-lhes gospel! Querem bagunça, reggae dentro da igreja! Toleremos, pois afinal é isso que os mantém aqui...Covardes! Ladrões empoleirados em púlpitos! Trocam a bênção da palavra pela inutilidade do movimento gospel.
Infelizmente muitos dos que se acovardaram e permitiram que suas igrejas fossem contaminadas pelos novos modismos  perderam a sua identidade definitivamente.  Charles Spurgeon diz que " A igreja deve atrair pela diferença e não pela igualdade”. Houve um tempo em que os crentes eram diferentes. Hoje a grande maioria optou pela igualdade, pela padronização. Falam "crentês", vestem-se da mesma forma, comportam-se como um batalhão de soldadinhos de chumbo. Tenho uma amiga que os chama de "lobotomizados".
Ouvi outro dia um pastor chamar uma determinada denominação de "quadrilha". Choquei-me. Mas é exatamente o que são! Homens ávidos por dinheiro, cujo negócio é abrir mais e mais igrejas, para aumentar a arrecadação. Jogam na bolsa milhões e milhões. Compram empresas, imóveis, tudo,enfim. Por causa destes homens, nós, os crentes em Cristo somos ridicularizados  com o slogam " templo é dinheiro" ,usado num programa humorístico. E penso: para todos os que montaram uma "quadrilha" travestida de igreja, templo é mesmo dinheiro. A mídia tem trazido as casas onde moram, os carros blindados com que andam, o luxo em que vivem esses "homens de negócio". Tratam a fé como uma mercadoria a ser vendida de forma fenomenal, para derrota da concorrência. E para derrotar a concorrência, vale inventar qualquer modismo, novidades que vão da unção peniana, ao reggae dançado dentro da igreja, como louvor. Tratam Deus como um empregado sempre pronto a atender seus pedidos. E também aos pedidos de seus fiéis, desde que intermediados por eles, depois de uma oração e "uma pequena contribuição". E você, meu amigo, além de tudo isso, assiste à guerra pelo espaço nas televisões, onde em vez de pregações, vendem suas mercadorias...Mascates da fé!
Que desperdício! Poderiam estar pregando o Evangelho. Mas não querem. Querem igrejas ricas, para desfrutar dessa riqueza.
Uma pena.
Que Deus tenha misericórdia deles.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O BELO
Pr.Ariovaldo Ramos


Certa feita, após uma palestra evangelística, fui procurado por uma senhora, que me questionou sobre como Deus nos manteve existindo, uma vez que Ele é santo e nós pecadores, e é nele que nós existimos. Mais que a ira de Deus, seria a santidade do Senhor que nos lançaria para o nada, uma vez que santidade e pecado são incompatíveis entre si.
Admiti a correção do princípio aplicado, porém, invoquei a relação entre o organismo que recebe um transplante, por exemplo de coração, e o órgão transplantado. A relação entre eles seria de rejeição mútua, não fosse a medicação administrada agir como mediadora entre ambos. Expliquei-lhe, então, ser esse o papel do sangue de Cristo, mediar a relação entre Deus e os pecadores, de modo a garantir-nos a continuação na existência.
Embora a resposta tenha satisfeito a senhora, uma questão, relativa à nossa sub-existência, ficou pendente: Uma vez que, ao nos afastarmos do Criador, nossa natureza tornou-se má, deixando-nos sem escolha, a não ser a de pecar, o que, invariavelmente, nos levaria a provocar a nossa extinção, seja por nossa virulência, seja pela justa ira divina, como quase aconteceu no dilúvio. Portanto, para sobreviver, tínhamos de ter nossa pecaminosidade refreada de alguma maneira, ou seja, algo dos atributos divinos teria de nos ser comunicado, pois nos tornamos incapazes de fazer o bem por nós mesmos, necessitando, portanto, de ajuda externa. Graças ao sacrifício de Cristo esse socorro foi possível, é o que alguns teólogos chamam de Graça Comum. É por tal favor divino que seres humanos, que não honram a Deus, conseguem amar, ter senso de justiça, cultivar padrões éticos, ser sensível ao belo, enfim, fazer o bem (por isso, rejeitar, a priori, as manifestações artísticas, como artes plásticas, teatro, cinema, música, entre outras possibilidades do gênio humano, só por não ter sido produzido por crentes no Senhor, é não compreender a atuação da Graça Comum).
A Graça Comum não é para a salvação, é para a manutenção da existência, a graça que é para a salvação é chamada de Graça Especial. A Graça Comum manteve o ser humano na existência, sustentando-nos num padrão ético-moral que não forçasse a precipitação da ira divina sobre nós, em primeiro lugar, para que Cristo pudesse vir; e, agora, mantêm a humanidade num nível de qualidade moral tolerável para que a Igreja possa ser completa, isto é, até que todos os que hão de ser salvos sejam alcançados, assim como, faz valer a pena a Igreja praticar as boas obras que Deus preparou para que andássemos nelas, no que cooperamos com a Graça Comum, sendo sal da terra e luz do mundo, pois, a Graça Comum dá ao não submisso a Deus condições de reagir ao bem. Essa graça permite-nos o que Francis Schaeffer chamou de co-beligerância, que é o ato da Igreja aliar-se aos demais segmentos da sociedade no combate por causas de justiça, como paz, direitos humanos, ecologia, entre outras.[
Quando falo da Graça Comum nos preservar na história, estou me referindo a situações como a fala do Eterno a Abraão sobre a história de seu povo: "Então o SENHOR disse: - Fique sabendo, com certeza, que os seus descendentes viverão num país estrangeiro; ali serão escravos e serão maltratados durante quatrocentos anos. Mas eu castigarei a nação que os escravizar. E os seus descendentes, Abrão, sairão livres, levando muitas riquezas. Você terá uma velhice abençoada, morrerá em paz, será sepultado e irá se reunir com os seus antepassados no mundo dos mortos. Depois de quatro gerações, os seus descendentes voltarão para cá; pois eu não expulsarei os amorreus até que eles se tornem tão maus, que mereçam ser castigados." Gn 15.13-16. Desta conversa pode-se depreender que a Graça Comum, diferente da Graça Especial, pode ser, de alguma maneira, resistida. E aqui o papel da Igreja se torna crucial, como parceira da Graça Comum na preservação da humanidade, como no caso de Sodoma e Gomora: "Finalmente Abraão disse: - Não fiques zangado, Senhor, pois esta é a última vez que vou falar. E se houver só dez? - Por causa desses dez, não destruirei a cidade. A Igreja deve ser a sociedade de justos na cidade, a partir do qual, a cidade possa sempre ser reinventada, livrando-a de se tornar torn tão mal que mereça ser castigada. Isso tem a ver com a incumbência, dada pelo Senhor, de ser o sal da terra. O que faz por meio da vida de devoção, pela prática da intercessão e pelo comportamento ético. Como sal da terra, a igreja detêm o avanço da maldade. Por outro lado, à medida em que a Igreja prega, apresenta-se como modelo e engaja-se na ação de recuperar a dignidade humana, por meio do serviço, está sendo luz do mundo, fazendo, portanto, a maldade retroceder.
Assim, a vida da Igreja é pura ação social
Fonte: www.ariovaldoramos.com.br



A ENDO-MÍSTICA DO REINO DE DEUS



                                    A endo-mística do reino de Deus

                                                       Pr. Ed René Kivitz                               

                    "Deus me é mais íntimo que meu íntimo, mais íntimo que eu a mim mesmo.”
                                          [Santo Agostinho, Confissões III, 6, 11]


   A presença do Amor de Deus em nós acontece no amor solidário ao próximo. Não há uma relação de causalidade entre o que vem primeiro e o que vem depois. Nas palavras de Assmann, “Deus solidário é o Deus em todos e de todos”. A presença de Deus se faz presente em nós quando nós nos abrimos ao próximo no amor solidário, e nós somos capazes disso porque o amor de Deus opera em nós. É um “acontecimento” onde os “dois amores” ocorrem simultaneamente, que só acontece na medida em que o amor solidário pelo próximo e o amor de Deus se fazem presentes ao mesmo tempo.

   Antes do amor solidário, Deus em nós está presente em nós como ausência. Para ter uma ideia do que seja a presença na forma de ausência, podemos tomar como exemplo a saudade. Nós não sentimos saudade de uma pessoa que está presente, e nem de uma pessoa de quem não sentimos a falta. Saudade nos mostra que sentimos a falta, a ausência da pessoa querida. A ausência dela está presente em nós, ou ela está presente conosco como ausência. De modo análogo, Deus está lá, mas como ausente, porque o seu amor em nós não é realizado. Como diz a primeira carta de João, “se nos amamos uns aos outros, Deus permanece em nós e o seu Amor em nós é realizado” (1João 4,12). Assim como pessoas que estão fisicamente próximas de nós só entram nas nossas vidas na medida em que nos abrimos a elas, podemos fazer analogia e dizer que Deus está no mais íntimo do nosso ser, mas se torna “Deus em nós” na medida em que nos abrimos para as angústias e alegrias das outras pessoas.

   É claro que, na vida concreta, há momentos em que precisamos e devemos buscar esse “Deus em nós” na solidão e no silêncio. Mesmo nesses momentos, há uma diferença entre ir “para dentro de si” de modo solitário, sem carregar consigo os sofrimentos e angústias de outras pessoas, e a busca de “Deus em nós” no mais íntimo do nosso ser levando conosco “os rostos, olhos e sorrisos...” da nossa gente. São buscas e encontros diferentes!

   Nesse sentido, o termo “nós” do “Deus em nós” não significa aqui o coletivo de indivíduos , cada um tendo seu Deus dentro de si, mas sim a relação comunitária entre sujeito-sujeito. Relação essa que se vive ao se fazer próximo do necessitado, e juntos na luta pela libertação sempre provisória e relativa, nos alegrarmos com o viver (a celebração do Deus da Vida). Assim, construindo uma sociedade mais humana e justa, sinal antecipatório do Reino de Deus, fazemos acontecer a presença do Deus em nós, o reinado de Deus que já está no meio de nós.
   A noção de que Deus e o seu amor se fazem presentes no meio de nós na medida em que amamos e servimos aos pobres e excluídos (cf 1Jo 4,12) é [...] o que Hugo Assmann chamou de “endo-mística”: “Deus em nós”.

terça-feira, 9 de novembro de 2010



As três coisas que o brasileiro mais gosta, não necessariamente nesta ordem
Uma coisa só
Pr.Ed René Kivitz

   As pessoas compram uma coisa só. Não importa se compram um sapato, uma BMW ou um ingresso para o teatro, estão comprando uma coisa só. Quem compra uma caneta, uma camisa do seu time ou uma viagem para Nova York está comprando uma coisa só. Os caras que estão tendo sucesso hoje descobriram isso. Os profissionais mais bem remunerados do nosso mercado são aqueles que sabem explorar esse fato. O que as pessoas estão comprando? Simples. Elas estão comprando um estado de espírito, ou se você preferir, um sentimento. Isso vale para quem vai ao estádio assistir um jogo de futebol, ao templo para rezar, e ao shopping para dar uma volta no sábado à tarde.

   A grande jogada nessa transação chamada compra e venda é a sensação que as pessoas experimentam durante a negociação. A grande sacada que mantém um produto campeão de vendas é que ele consegue gerar no consumidor uma sensação, um sentimento, um estado de espírito. Ninguém compra caneta apenas para escrever, camisa apenas para cobrir o corpo, ou bolsa apenas para carregar carteira e batom. E, diga a verdade, quando você sai do cinema do mesmo jeito que entrou, sai resmungando que o filme foi uma porcaria. E é exatamente por isso que você diminui a luz da sala e mete um smoth jazz no fundo quando quer relaxar no final do dia. Mudar o estado de espírito, mudar as sensações, gerar novas emoções, sentir alguma coisa, e de preferência diferente do que esta que estou sentindo agora, pois senão eu ficaria no mesmo lugar, ou não compraria o seu produto. Quer saber uma coisa?, o maior benefício de um serviço ou produto não é que ele faz pelo cliente, mas o que ele faz dentro do cliente. Sacou?

   E daí, o que é que eu tenho a ver com isso?, você diria. Bem, se você é consumidor, fique esperto, porque os caras já te descobriram e cada dia ficam sabendo mais coisas a seu respeito: o que você gosta e não gosta, o que faz você chorar, o que te mete medo, e o que você precisa para assinar aquele contrato. Até aí, nada de errado. Desde que você não esteja iludido na transação, isto é, sendo manipulado sem saber. Quer pagar mais, pague. Quer comprar aquela marca, compre. Mas não caia na esparrela de acreditar que aquele algodão com cavalinho é necessariamente melhor do que os algodões sem cavalinho.

   Agora, se você é o vendedor, então, meu amigo, você tem que saber uma coisinha a mais. O grande lance de uma venda não está apenas no estado de espírito do consumidor, mas também e principalmente no coração do vendedor. Em outras palavras, o ambiente da compra tem que estar alinhado com a proposta emocional-passional do produto-serviço. É aquela coisa de careca vendendo shampoo para queda de cabelo. O que a maioria dos vendedores ainda não sacou é que vendedor de emoção sem emoção é tão ridículo quanto gordo vendendo mais uma dieta revolucionária. Todo produto-serviço tem um valor agregado. E o ambiente da transação de sua compra e venda deve refletir esse valor. Ponto.

A bola, a transa e a venda
   Fui fazer uma palestra para um grupo de atletas. Pedi que eles me descrevessem uma bola feliz. Ficaram em silêncio, e então tentei ajudar, pedindo que dissessem o que poderiam fazer com uma bola de futebol, além de jogar futebol. Um deles disse que poderíamos usar a bola de banquinho, sentando em cima dela. Boa. Outro sugeriu que a gente pode murchar a bola para que ela sirva de peso para a porta não bater com o vento. Boa também. Lá pelas tantas um garoto falou que a bola pode ser uma peça de museu, e nesse caso a gente fica olhando para ela. Maravilhosa. Era tudo o que eu precisava. Perguntei para eles se achavam que a bola do gol mil do Pelé era uma bola feliz. A resposta veio de bate pronto, "Acho que ela foi feliz no dia do gol mil, mas hoje, no museu, deve ser uma bola infeliz". Bingo. Minha palestra poderia terminar ali mesmo. A conclusão é óbvia: uma bola feliz é uma bola em jogo. E por aí vai: uma pipa feliz é uma pipa ao vento; um peão feliz é um peão girando; um bambolê feliz é um bambolê bailando.

   O gol é o orgasmo do futebol, disse Nelson Rodrigues. Mas o gol não é o todo do futebol. O gol, aliás, é o fim do futebol. Cada vez que o gol acontece, começa tudo de novo. Que nem orgasmo. O orgasmo é o fim da transa. Quando o orgasmo acontece, começa tudo de novo (sabe lá depois de quanto tempo, mas começa!). O que quero dizer com isso é que a bola não é feliz apenas quando estufa as redes em gol. Uma bola feliz é uma bola em jogo. Uma espalmada de mão trocada, uma pancada de três dedos no travessão, uma matada no peito do zagueiro. Imagino como era feliz a bola enquanto Pelé olhava para ela e sussurrava segredos durante o minuto de silêncio. Uma bola feliz é uma bola em jogo. E se o orgasmo está no gol, a graça está no jogo. Assim como o ápice é o gozo, e o prazer é a transa.

   Compliquei? Calma lá. Ainda não. Essa era a diferença entre o Garrincha e os caneleiros de plantão. O Garrincha gostava do gol, mas gostava também do jogo. Não valia apenas empurrar para dentro do gol (sem trocadilhos), tinha que ser por baixo das pernas do zagueiro (sem trocadilhos). Além do gol, o jogo. E quanto mais prazeroso o jogo, mais arrebatador o gol. Assim é com a transa, não é? E sabe de uma coisa, assim como tem gente que gosta de fazer gol e não gosta de jogar, também tem gente que gosta de gozar mas não gosta de transar. E mulher nenhuma (penso eu) gosta de transar com esse cara.

   Tudo isso para dizer que todo produto tem um valor agregado. Todo ambiente de compra e venda deve estar alinhado com o valor agregado do produto negociado. O que determina o ambiente não é o fechamento da venda, mas sim o processo da venda. Em tese, o que determina o gol é o jogo bem jogado; o que determina o gozo, é a transa bem transada. E o que determina a venda, é o processo bem negociado. E sabe o que é incrível nisso tudo? Tem gente que gosta de vender mas não gosta de negociar. Não é vendedor, apenas trabalha em vendas, e ninguém quer comprar dele. A graça não está apenas na assinatura do contrato, mas em todo o processo de negociação: fazer conta de cabeça, oferecer um café na hora certa, mudar de assunto e voltar ao prazo depois de dois minutos, mostrar a foto mais uma vez, convidar o consumidor a experimentar o produto, e assim vai, às vezes minutos, outras, horas, e quem sabe, dias, meses e anos, até a assinatura do contrato.

Os campeões, os ratinhos e os que deram cambalhota
   Veja só. O cara entra na sua loja para comprar um carro, e do mesmo jeito que ele vai ter orgulho em mostrar para o cunhado que comprou um GM, você tem que ter orgulho de vender um GM. Produto: carro. Valor agregado: esbanjar o cunhado. Alinhamento do ambiente: aquela cara de "você vai abafar". Abre paréntesis. Perdoe o exemplo mesquinho, mas não me ocorreu nada melhor. Fecha paréntesis.

   A grande questão é como é que você consegue fazer aquela cara, isto é, alinhar o valor do produto com o valor do processo de negociação, gerar o ambiente de trabalho cheio de afeto, alegria e espontaneidade (ou sei lá que valores a sua empresa tem). Conheço caminhos. O primeiro é o mais simples: você faz isso naturalmente, por que você é desse jeito. Quer dizer, você não está transando do jeito que a revista feminina ensinou, você está apaixonado; você não está se movimentando em busca de espaço em campo, como o professor mandou, você é craque; ou, no caso, você não apenas trabalha em vendas, você é vendedor. Isso tem a ver com vocação, coisa de gente que diz "eu nasci para isso", "eu amo o que faço", "não me imagino fazendo outra coisa".

   O outro caminho, amigão, é treinamento. Que nem quando eu fui comprar um tênis na loja recém inaugurada no Shopping. Enquanto falava comigo, a moça do caixa era sorridente e atenciosa. Mas quando falava com a colega atrás do balcão, era mal humorada e irritadiça. Perguntei pra ela quanto tempo durara o treinamento. Quinze dias, foi a resposta. Saí de lá com a convicção reforçada: em quinze dias você não consegue mais do que condicionar, padronizar comportamentos, artificializar simpatias, colocar sorrisos de plástico na cara dos outros.

   O caminho do treinamento tem suas variáveis: auto-ajuda, neuro-linguística, conscientização. Mas a melhor prima irmã do treinamento é a motivação: doses diárias, sistemáticas, de estímulos e encorajamentos. Funciona assim: no início do dia você reúne sua equipe de vendas e dá uma dose de motivação na veia de cada um dos seus valentes vendedores; depois, você faz algumas promessas de recompensas; e depois coloca um catálogo bem bonito na mão deles e anuncia sorridente que "a partir de hoje nossa empresa vai deixar vocês estacionarem no subsolo, à sombra". Depois disso, você solta os ratinhos e fica esperando por eles com outro pedaço de queijo na manhã seguinte. À medida que o resultado vai satisfazendo, você melhora o queijo. E quando a coisa despencar, isto é, os ratinhos não obedecerem mais aos mesmos estímulos, você substitui os ratinhos, é mais fácil, embora muito mais caro.

A verdade verdadeira
   Fala a verdade. A maioria das empresas que você conhece trabalha desse jeito, não é ratinho? E eu já sei que você está louco para saber como sair desse labirinto e descobrir a terceira via. Pois eu lhe digo já, sem mais suspense. Caso você não seja um vocacionado quase naturalmente campeão, e não agüente mais esta vida de porão e roda com giro falso, sua alternativa libertadora é a autotransformação.

   A grande sacada, companheiro, é a seguinte: não importa tanto a qualidade do seu produto se você não é capaz de envolver seu cliente no ambiente certo. A verdade é que seu produto vai embalado não em papel, caixas ou ceras. Seu produto vai embalado em estados de espírito, sensações e sentimentos. E você tem que estar embalado nos mesmos moldes. E para estar embalado nos mesmos moldes, você não pode fazer de conta, primeiro porque a maioria dos clientes logo logo percebe, e depois porque cedo ou tarde você não vai agüentar manter as aparências, o sorriso fingido vai desaparecer da sua cara, indo direto para uma úlcera, ou coisa pior. Para embalar você, seu produto, seu ambiente de trabalho, seus processos e seus relacionamentos, não há substitutos para a autenticidade.

   Não importa o que você faz. Importa o que você é. Fingir orgasmo é rota suicida, e ninguém consegue fingir que é craque. No máximo, consegue fazer um gol de placa, sem querer, na maior sorte, e depois "não vende nunca mais".

   Entre o naturalmente feliz e o treinado para ser feliz, está a maioria dos mortais, pessoas como eu e você, que convivem com o desafio da autotransformação e da busca da felicidade. Uma felicidade não artificial, que brota de dentro para fora.

   Desculpa aí. Mas já falei demais e esse papo não tem fim. Não quero ensinar um truque. Quero desmascarar alguns. Não quero apresentar uma nova técnica. Quero convidar você a prosseguir numa grande aventura. A aventura de ser. Ser, para poder vender. Ser, para poder viver. Nesse caso, amigão, se você quer andar pelo caminho da autotransformação, você precisa mais do uma palestra, um seminário ou um programa motivacional. Você precisa tomar uma decisão. E depois colocar o pé na estrada, pois a viagem é longa e você não vai chegar lá a menos que dê o primeiro passo. O primeiro passo? Jogar fora os pacotes que venderam pra você. Já é um bom começo.