segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A MORTE

                                                                            A MORTE
                                                                     Pr.Russel Shedd 

   ''Nada é tão seguro como a morte, e nada é tão inseguro como a hora da morte”, disse o famoso Agostinho. Ainda que não tenhamos muito prazer em contemplar essa hora desconhecida, todos nós devemos aproveitar o ensejo de meditar sobre nossa partida.
   Para muitos a hora da morte inspira temores acima de qualquer confronto com poderes invisíveis, ou a experiência de entrar na presença de um rei ou imperador. Diante da morte, passam pela cabeça, como relâmpago, os deslizes e tropeços da vida, os erros e pecados não confessados ou perdoados. Invade a mente, antes de a chama apagar, um pressentimento de assombro, de juízo e de pavor. “Tudo é escuro e incerto”, afirmou o historiador e escritor Edward Gibbon.
   Francis Spira, advogado italiano de renome, foi persuadido a aceitar as doutrinas da Reforma. Pregou o Evangelho com convicção e poder no estilo de Savanarola, de maneira que houve possibilidade de a Itália aderir ao movimento evangélico que sacudia e transformava o norte da Europa. Mas o poder da Igreja foi tal que os representantes do papa o prenderam e o ameaçaram de morte, a não ser que se retratasse. O papel na sua frente demandava apenas uma assinatura para ele ser livre, enquanto o Espírito Santo lutava em sua alma dizendo: “Não assine!” Porém Spira afixou sua assinatura naquela folha. Salvou a vida terrena por poucos anos, mas perdeu sua alma. Na hora da morte disse: “Meu pecado é maior do que a misericórdia de Deus. Eu neguei a Cristo, voluntariamente. Sinto que Ele não me reserva nenhuma esperança” (Imortalidade, p. 252).
   Uma das verdades mais importantes na Bíblia é o modo que a vida neste mundo impacta a vida no mundo vindouro. A parábola dos talentos transmite uma mensagem inegável. Os privilégios que ganhamos agora serão cobrados no encontro com Deus. O servo que recebeu cinco talentos ganhou mais cinco. Na volta do seu senhor, ele ouviu palavras dóceis: “Muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco, eu o porei sobre o muito, venha e participe da alegria do seu senhor” (Mateus 25:21 – NVI). Observou Johann Tauler (1300–1361): “Tudo o que negligenciamos aqui será perdido para toda a eternidade... Por isso, todo homem deve freqüentemente sondar seu próprio coração e procurar diligentemente até descobrir a quem ele pertence, o que ele mais ama e em que mais pensa, se seria de Deus ou de si mesmo, ou coisas criadas, mortas ou vivas... Aquele que indaga essas realidades com real cuidado, seguramente, saberá à qual ele pertence; não será apenas uma suposição” (A diary of readings, Editora J. Baillie).
   Para os que fielmente andaram nos passos do seu Deus, a morte perdeu seu terror. Paulo chegou a questionar o que é que preferiria – sobreviver ou morrer. Disse: “Estou pressionado dos dois lados; desejo partir e estar com Cristo, o que é muito melhor” (Filipenses 1:23 – NVI).
   John Wesley, incansável pregador do século 18 e fundador da denominação Metodista, ergueu seus braços enfraquecidos num gesto de vitória, e elevando a voz debilitada em santo e indizível triunfo, gritou; “O melhor de tudo é que Deus está conosco” (Imortalidade, p. 253). John Bunyan, autor do Peregrino, declarou, “Ainda nos encontraremos para sempre, para cantar a nova canção e estarmos felizes eternamente num mundo sem fim. Tome-me, pois estou indo para Ti” (Imortalidade, p. 256).
CONCLUSÃO
   Ainda que seja impossível descrever como sentiremos nesses últimos instantes em que nosso cérebro parará de funcionar, acredito que seria válido escutar as vozes dos que surgem das sombras da morte. A morte de um ateu, como o conhecido francês Voltaire, tem uma mensagem sombria para nós refletirmos antes do momento de partir. “Foi abandonado por Deus e pelos homens”, e então disse: “Doutor, dar-te-ei metade do que possuo se me deres mais seis meses de vida”. O médico respondeu: “Senhor, não podes viver nem seis semanas”. Voltaire respondeu: “Então vou para o inferno”, e logo depois expirou.
   O temor é o princípio da sabedoria. Uma reflexão sadia sobre como será a última hora de sua vida na terra poderá ser um sábio exercício de inteligência preventiva. Graças à bondade de Deus, os que se entregam a Ele pela fé, recebendo sua oferta de perdão em Cristo, morrem com esperança e paz.
Fonte: http://www.revistaenfoque.com.br/

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A BANALIZAÇÃO DO SAGRADO NA IGREJA DE NOSSOS DIAS

ÉTICA: A BANALIZAÇÃO DO SAGRADO NA IGREJA DE NOSSOS DIAS
 
Pra. Maria Luísa Duarte Simões Credidio,
 estudo baseado em texto do REv. Hernandes Dias Lopes
 
     O espírito pós-moderno tem levado muitos crentes à banalização do sagrado. Milhares de pessoas entram pelos umbrais da igreja evangélica, mas continuam prisioneiras de suas crendices e de seus pecados. Têm nome de crente, cacoete de crente, mas não vida de santidade. Em vez de ser instruídas na verdade, são alimentadas por toda sorte de misticismo forâneo às Escrituras. Em vez crescerem no conhecimento e na graça de Cristo, aprofundam-se ainda mais no antropocentrismo idolátrico, ainda que maquiado de espiritualidade efusiva. Dentro desta cosmovisão, os céus estão a serviço da terra. Deus está a serviço do homem. Não é mais a vontade de Deus que deve ser feita na terra, mas a vontade do homem no céu. Tudo tem de girar ao redor das escolhas, gostos e preferências do homem. O bem-estar do homem e não a glória de Deus tornou-se o foco central da vida. Assim, o culto também tornou-se antropocêntrico. Cantamos para o nosso próprio deleite. Louvamo-nos a nós mesmos. Influenciados pela síndrome de Babel, celebramos o nosso próprio nome.
     Nesse contexto, a mensagem também precisa agradar o auditório. Ouvimos pastores dizendo barbaridades tais como "Obrigado Deus pois sua palavra é verdade" ou "Precisamos acobertar o erro do nosso irmão", e por aí afora. Essa mensagem  é resultado de uma pesquisa de mercado para saber o que atrai o povo. O ouvinte é quem decide o que quer ouvir. O sermão deixou de ser voz de Deus para ser preferência do homem. Os pregadores pregam não o que o povo precisa ouvir, mas o que o povo quer ouvir. O misticismo está tomando o lugar da verdade. A auto-ajuda está ocupando o lugar da mensagem da salvação. Assim, o homem não precisa de arrependimento, mas apenas de libertação, visto que ele não é culpado, mas apenas uma vítima. O pragmatismo pós-moderno está substituindo o genuíno evangelho.
     A banalização da teologia desemboca na vulgarização da ética. Onde não tem doutrina bíblica sólida não pode haver vida irrepreensível. A teologia é mãe da ética. A ética procede da teologia. Onde a verdade é substituída pela experiência, a igreja pode até crescer numericamente, mas torna-se confusa, doente e corrompida. O povo de Deus perece quando lhe falta o conhecimento. Onde falta a Palavra de Deus, o povo se corrompe. Outrossim, onde não há santidade, ainda que haja ortodoxia, o nome de Deus é blasfemado.
     A banalização do sagrado é visto claramente nas Escrituras. O profeta Malaquias denunciou com palavras candentes o desrespeito dos sacerdotes em relação à santidade do nome de Deus, do culto, do casamento e dos dízimos. A religiosidade do povo era divorciada da Palavra de Deus. As coisas aconteciam, o povo vinha ao templo, o culto era celebrado, mas Deus não era honrado.
 
     Jesus condenou, também, a banalização do sagrado quando expulsou os vendilhões do templo. Eles queriam fazer do templo, um covil de salteadores; do púlpito, um balcão de negócios; do evangelho, um produto de mercado e dos adoradores, consumidores de seus produtos. O livro de Samuel, outrossim, denuncia esse mesmo pecado. O povo de Israel estava em guerra contra os filisteus, pensando que Deus estava do lado deles, mesmo quando seus sacerdotes estavam em pecado. Porém, quatro mil israelitas caíram mortos na batalha, porque o ativismo não substitui santidade. O povo, em vez de arrepender-se, mandou buscar a arca da aliança, símbolo da presença de Deus. Quando a arca chegou, houve grande júbilo e o povo de Israel celebrou vigorosamente a ponto de fazer estremecer o arraial do inimigo, mas uma derrota ainda mais fatídica foi imposta a Israel e trinta mil soldados pereceram, os sacerdotes morreram e a arca foi tomada pelos filisteus.
 
     Alegria e entusiasmo sem verdade e sem santidade não nos livram dos desastres. Rituais pomposos sem vida de obediência não agradam a Deus. Deus está mais interessado em quem nós somos do que no que fazemos. Deus não aceita nosso culto nem nossas ofertas quando ele rejeita a nossa vida. Antes de Deus aceitar o nosso culto, ele precisa agradar-se da nossa vida. É tempo de examinarmo-nos a nós mesmos e voltarmo-nos para o Senhor de todo o nosso coração. É tempo de abandonarmos o palvreado vão e estendermos a mão ao irmão necessitado. É tempo de pararmos de nos vangloriar de mandar ajuda à África, quando ao lado do Bradesco há um mendigo que anda de quatro, que não tem condições de trabalhar e necessita de ajuda. Subir ao púlpito e alardear o que não se fez, é fácil. O difícil é viver  em santidade. O resto é blá blá blá de púlpito, para enganar os incautos.

Meditação

NÃO QUERO MAIS SER EVANGÉLICO!Pr. Ariovaldo Ramos
 

   "Irmãos, uni-vos! Pastores evangélicos criam sindicato e cobram direitos trabalhistas das Igrejas". Esse, o título da matéria, chocante, publicada pela revista Veja de 9 de junho de alguns anos atrás, anunciando formação do Sindicato dos Pastores Evangélicos no Brasil.
   Foi a gota d'água! Ao ler a matéria acima finalmente me dei conta de que o termo "evangélico" perdeu, por completo, seu conteúdo original. Ser evangélico, pelo menos no Brasil, não significa mais ser praticante e pregador do Evangelho (Boas Novas) de Jesus Cristo, mas, a condição de membro de um segmento do Cristianismo, com cada vez menor relacionamento histórico com a Reforma Protestante - o segmento mais complicado, controverso, dividido e contraditório do Cristianismo. O significado de ser pastor evangélico, então, é melhor nem falar, para não incorrer no risco de ser grosseiro.
   Não quero mais ser evangélico! Quero voltar para Jesus Cristo, para a boa notícia que Ele é e ensinou. Voltemos a ser adoradores do Pai porque, segundo Jesus, são estes os que o Pai procura e, não, por mão de obra especializada ou por "profissionais da fé". Voltemos à consciência de que o Caminho, a Verdade e a Vida é uma Pessoa e não um corpo de doutrinas e/ou tradições, nascidas da tentativa de dissecarmos Deus; de que, estar no caminho, conhecer a verdade e desfrutar a vida é relacionar-se intensamente com essa Pessoa: Jesus de Nazaré, o Cristo, o Filho do Deus vivo. Quero os dogmas que nascem desse encontro: uma leitura bíblica que nos faça ver Jesus Cristo e não uma leitura bibliólatra. Não quero a espiritualidade que se sustenta em prodígios, no mínimo discutíveis, e sim, a que se manifesta no caráter.
   Chega dessa "diabose"! Voltemos à graça, à centralidade da cruz, onde tudo foi consumado. Voltemos à consciência de que fomos achados por Ele, que começou em cada filho Seu algo que vai completar: voltemos às orações e jejuns, não como fruto de obrigação ou moeda de troca, mas, como namoro apaixonado com o Ser amado da alma resgatada.
   Voltemos ao amor, à convicção de que ser cristão é amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos: voltemos aos irmãos, não como membros de um sindicato, de um clube, ou de uma sociedade anônima, mas, como membros do corpo de Cristo. Quero relacionar-me com eles como as crianças relacionam-se com os que as alimentam - em profundo amor e senso de dependência: quero voltar a ser guardião de meu irmão e não seu algoz. Voltemos ao amor que agasalha no frio, assiste na dor, dessedenta na sede, alimenta na fome, que reparte, que não usa o pronome "meu", mas, o pronome "nosso".
   Para que os títulos: "pastor", "reverendo", "bispo", "apóstolo", o que eles significam, se todos são sacerdotes? Quero voltar a ser leigo! Para que o clericalismo? Voltemos, ao sermos servos uns dos outros aos dons do corpo que correm soltos e dão o tom litúrgico da reunião dos santos; ao, "onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu lá estarei" de Mateus 18.20. Que o culto seja do povo e não dos dirigentes - chega de show! Voltemos aos presbíteros e diáconos, não como títulos, mas, como função: os que, sob unção da igreja local, cuidam da ministração da Palavra, da vida de oração da comunidade e para que ninguém tenha necessidade, seja material, espiritual ou social. Chega de ministérios megalômanos onde o povo de Deus é mão de obra ou massa de manobra!
   Para que os templos, o institucionalismo, o denominacionalismo? Voltemos às catacumbas, à igreja local. Por que o pulpitocentrismo? Voltemos ao "instruí-vos uns aos outros" (Cl 3. 16).    Por que a pressão pelo crescimento? Jesus Cristo não nos ordenou a sermos uma Igreja que cresce, mas, uma Igreja que aparece: "Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus. "(Mt 5.16). Vamos anunciar com nossa vida, serviço e palavras "todo o Evangelho ao homem... a todos os homens". Deixemos o crescimento para o Espírito Santo que "acrescenta dia a dia os que haverão de ser salvos", sem adulterar a mensagem.

Meditação

COELHO, FALCÃO, ESQUILO OU PATO?

Pra. Maria Luísa Duarte Simões Credidio
 
Estudo basedo em A rabit on the swin team, growing strong in the seasons of life, p. 312-14,  Charles R. Swindoll


         Há algum tempo uma escola pública de Springfield, Oregon, publicou um artigo que chamou minha atenção. Ele era aplicável ao que acontece hoje na igreja e em lares cristãos. Por isso resolvi abordá-lo neste estudo.
           Era uma vez, um grupo de animais que organizaram uma escola que os ensinasse a enfrentar os problemas do mundo. Para tanto, adotaram um currículo: correr, escalar, nadar e voar.
           O pato, excelente nadador, era muito ruim em vôo e corria com muita dificuldade. Nesses  itens suas notas davam apenas para passar "raspando" e por isso ele resolveu que todos os dias, após as aulas, ficaria na escola treinando corrida. Isso fez seus pés se desgastarem e assim, ele que era um exímio nadador, passou a ser apenas um nadador regular. Mas ser regular o fazia passar de ano e por isso ninguém se preocupou com o pato.
          Já o coelho era o primeiro da classe em corrida. Mas de tanto fazer recuperação em natação, desenvolveu um espasmo nervoso nos músculos da perna e passou a correr medianamente.
           Por sua vez o esquilo, que era excelente em escalada, não conseguia voar e lançou-se de corpo e alma a essa tentativa com o que conseguiu torcicolos e notas seis na escalada e cinco na corrida.
            O falcão era um aluno problemático e foi severamente admoestado por não-conformismo. Na escalada, alcançava o topo da árvore antes de todos, mas usava o vôo para tal...
             O que essa história quer nos dizer? O óbvio: que cada criatura tem seu conjunto  de capacidades, em que uma atuação marcante é natural. Quando chamada a preencher um espaço que não lhe cabe, só consegue frustração, desânimo e culpa.
            Um pato é um pato, apenas um pato. Foi feito para nadar, não para correr, escalar e muito menos para voar. Um esquilo tem seu ponto forte na escalada e esperarmos que ele nade ou voe, só vai deixá-lo louco. Já o falão alça vôos magníficos, mas não corre. A verdade é que esses animais são como os crentes, tanto na família de fé, quanto em sua família de sangue. Deus não nos fez todos iguais. Não foi essa sua intenção. Ele planejou para cada um de nós diferenças, capacidades singulares e variações. E se preocupou tanto com isso que por várias vezes citou esse fato em seu útimo testamento e vontade. 1Coríntios 12-31 deve ser lido por cada um de nós  vagarosamente e em voz alta, para que depreendamos o que diz. Vamos então resumir algumas dessas vontades do Senhor:

         Deus colocou você na sua família e lhe deu certa combinação de qualidades que o fazem único. Nenhuma combinação é insignificante! Assim, ninguém é exatamente igual a você e você não é igual a ninguém. Isso, em vez de lhe causar desânimo, deve causar-lhe prazer! Sempre que atuar dentro das suas capacidades, terá sucesso; todos à sua volta serão beneficiados e você experimentará uma sensação incrível.
          Quando todos agem no seu próprio espaço, equilíbrio, unidade e saúde, automaticamente, contribuem para o Corpo. No entanto, quando as expectativas, comparações, obrigações vão além das capacidades individuais, o que se consegue é um resultado medíocre, frustrante, falso e a certeza de uma derrota total.
         Por isso, se Deus o fez um pato, meu amigo, nade como um pato. Pare de querer correr, voar, etc...Se você é um falcão, alce vôos maravilhosos, sem querer nadar e escalar. E assim por diante.
         O que se vê hoje no mundo cristão, é gente tentando ser como outras pessoas que as impressionaram. No meu tempo de seminário bíblico, havia extraordinários talentos entre nós. E eu quis ser como eles, assim como outros alunos. Passamos então a pensar, andar, gesticular e falar como eles. Eu era um coelho, esforçando-me para nadar! E via patos querendo escalar e por aí afora! Tornei-me uma pessoa frustrada, como a estranha besta do 2º Capítulo de Daniel. Foi horrível!
          O pior de tudo é que aquilo que eu possuía era consumido pelo papel que eu me obrigava a representar! Fui assim, até o dia em que uma pessoa muito chegada me perguntou:"por que não ser simplesmente você mesma? Por que tentar ser igual aos outros?"
           Amados esta coelha abandonou as aulas de natação, de vôo e de escalada; Senti um profundo alívio! E com isso descobri que dava certo ser eu mesma e deixar que meus familiares fossem eles mesmos. Originalidade e criatividade voltaram a fluir!
           Descanse então, meu irmão. Aprecie os dons que Deus lhe deu. Cultive e desenvolva suas próprias capacidades, seu próprio estilo. Valorize os membros da sua família e de sua igreja pelo que são, mesmo que sejam diametralmente opostos a você. Lembre-se sempre que coelhos não voam. Falcões não nadam. Patos ficam engraçados tentando escalar. E esquilos não tem penas. Pare de comparar, de querer ser como o  pastor tal ou como a presbítera fulana de tal. Pare de comparar. Goste de ser você, da forma que você é! E lembre-se sempre que há muito espaço na floresta!
        
       

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

UMA ABORDAGEM, À LUZ DA BÍBLIA, SOBRE O DINHEIRO

                                   UMA VISÃO ESPIRITUAL DO DINHEIRO
Muita gente pensa que dinheiro é neutro, e que o problema de fato é o amor ao dinheiro. Mas a verdade é que o dinheiro é uma espécie de ser vivo. Uma coisa viva é uma potestade: coisa que funciona como se fosse gente. O dinheiro é assim, facilmente se transforma em uma divindade diabólica. Jesus chamou esse dinheiro que virou ídolo de Mamon.
Podemos definir ídolo como um falso deus, ou qualquer coisa que seja tão importante que, caso você a perca, achará difícil continuar vivendo. O dinheiro é um ídolo em potencial. O nome desse ídolo é Mamon: dinheiro elevado à categoria de deus. Quando o dinheiro se torna o fundamento de sua identidade e seu senso de valor, então ele se tornou seu ídolo, um deus rival ao Deus verdadeiro. E não duvide, todos os ídolos, isto é, todos os deuses falsos conduzem à morte. Os ídolos oferecem falsas esperanças, seguranças ilusórias e promessas vazias.
Deus, por definição, exige sua lealdade absoluta e exclusiva. Os ídolos também. Por isso Jesus disse que não é possível servir a dois deuses, ou, melhor dizendo, não possível servir a Deus e a Mamon (dinheiro elevado à categoria de deus, ou melhor, ídolo e falso deus, isto é, um demônio).
 Não somos ingênuos. Sabemos que o dinheiro é um meio necessário para a sobrevivência. Mas sabemos também que o dinheiro é meio e não fim. Aquele que se deixa dominar pelo dinheiro perde o rumo da vida, da relação com os outros e do próprio relacionamento com o Deus verdadeiro. O dinheiro não pode ser o valor absoluto que governa a vida.
A Bíblia ensina que “quem vai pelo caminho dos gananciosos a si mesmo se destrói” [Provérbios 1.19], pois “os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição – o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Algumas pessoas, por cobiçarem o dinheiro, desviaram-se da fé e se atormentaram com muitos sofrimentos” [1 Timóteo 6.9,10].
Parta escapar das armadilhas do dinheiro, Jesus oferece quatro conselhos, resumidos em quatro verbos: restituir, transformar, multiplicar e doar.
                  Restituir é o conselho que surge do encontro entre Jesus e Zaqueu, um judeu que se vendeu para Roma e cobrava impostos extorsivos dos seus compatriotas em troca de comissionamento. Isto é, Zaqueu era rico, mas seu dinheiro era sujo. Diante de Jesus Zaqueu se comprometeu a devolver quadruplicadamente o que havia subtraido indevidamente das pessoas. Observando a disposição de Zaqueu, Jesus afirmou: esse homem encontrou a salvação [Lucas 19. 1-10].
O dinheiro quando atua como um ídolo, um Mamon, uma potestade, um deus falso, cativa o coração humano de tal maneira que nenhuma quantidade é considerada suficiente, e obriga as pessoas a fazerem até mesmo o ilícito, prejudicando outras, para que consigam mais dinheiro. A salvação, isto é, ser liberto desse demônio–Mamon implica abrir mão do dinheiro sujo. Cada um de nós deve se perguntar quanto dinheiro ilícito tem nas mãos. Encontrando dinheiro podre sob o colchão, devemos restituir a quem de direito. Não sendo possível restituir, devemos destinar esse dinheiro ao bem comum, livrando-nos dele, sob pena de que nos mantenha escravizados. A restituição é ao mesmo tempo um sinal, quanto um caminho de libertação–salvação.
                  Transformar é um outro verbo que indica como evitar que o dinheiro se torne Mamon. Jesus contou uma parábola a respeito de um homem que usou o dinheiro para fazer amigos [Lucas 16.1-13]. Nessa parábola Jesus chama o dinheiro de riqueza (1) injusta, (2) menor, (3) falsa, e (4) alheia. Sem dúvida, Jesus tinha uma visão negativa do dinheiro. Mas ensinou que devemos transformar dinheiro em outras riquezas maiores, verdadeiras e justas, que nos pertencerão de fato.
                  É mais fácil encontrar pessoas que perdem amigos para ganhar dinheiro, do que perdem dinheiro para ganhar amigos. Jesus era do segundo tipo, sabia que pessoas e relacionamentos valem mais do que dinheiro. Aliás, sabia que as verdadeiras riquezas não têm preço, e que qualquer dinheiro dispendido para ganhar aquilo cujo valor é inestimável é um ótimo negócio.
                   O terceiro verbo, que resume o conselho de Jesus para quem deseja evitar que o dinheiro se transforme em Mamon é multiplicar. Jesus conta também uma parábola a respeito de um administrador que distribuiu recursos entre seus empregados e depois de muito tempo voltou para saber o que havia sido feito com sua riqueza. O primeiro empregado havia multiplicado de um para dez, o segundo de um para cinco, e o terceiro havia escondido a riqueza, de modo que o recurso diminuiu em suas mãos, pois foi depreciado e desvalorizado. Jesus condena o homem que, com medo de perder, reteve os recursos [Lucas 19.11-27].
                  Jesus estava falando de uma dimensão espiritual e religiosa. Criticava a nação de Israel que havia retido seu tesouro espiritual escondendo-o de outras nações. Mas podemos aplicar essa parábola para a administração de todas as riquezas. Nesse caso, quem tem recursos em mãos deve colocá-los na ciranda das negociações, visando gerar mais recursos. Riquezas devem ser multiplicadas para o benefício do maior número de pessoas. Para que sejam multiplicados, os recursos eles devem ser colocados em circulação. Fazer dinheiro circular implica sempre as possibilidades de multiplicação e perda, mas, considerando que as riquezas existem para que todos, sem exceção, tenham acesso à vida digna, a acumulação egoísta, a poupança egocêntrica, e a retenção medrosa, implicam uma distorção dos propósitos de Deus para o dinheiro. Quem deseja reter apenas para si mesmo acabará com nada. Dinheiro parado apodrece.
                  Finalmente, o verbo doar exemplifica o que devemos fazer para que o dinheiro não se transforme em Mamon. O mesmo Zaqueu que se dispôs a restituir também se comprometeu a doar metade de sua fortuna para os pobres [Lucas 19.1-10].
O mundo não se sustenta sem genrosidade. Milhares de pessoas vivem vitimadas pela miséria, que equivale à fome e seus funestos irmãos: desnutrição, doenças, subdesenvolvimento e morte. A Bíblia ensina claramente a generosidade. “Os que são ricos no presente mundo não devem ser arrogantes, nem devem colocar sua esperança na incerteza da riqueza, mas em Deus, que de tudo nos provê ricamente, para a nossa satisfação. Devem praticar o bem e ser ricos em boas obras, generosos e prontos a repartir” [1Timóteo 6.17,18].
                  Restituir, transformar, multiplicar e doar. Eis os verbos que indicam como podemos evitar que o dinheiro se torne Mamon, o demônio que devora a nossa alma. Pois é verdade que “de nada adianta ganhar o mundo inteiro e perder a alma” [Mateus 16.26]. Sobre isso falaremos na próxima semana.
© 2010 Ed René Kivitz

terça-feira, 5 de outubro de 2010

É PRECISO SER RELIGIOSO ?

É PRECISO SER RELIGIOSO ?

Pra. Maria Luísa Duarte Simões Credidio


            Nossa cultura exige que sejamos filiados a uma religião para estarmos perto de Deus. É o que se propaga por aí. Não ter religião é estar longe de Deus e de suas benesses.
            Em 1948, um fanático religioso assassinou Ghandi, um homem que ensinou e praticou a mais simples forma de viver em sociedade: a não violência. Ele nos mostrava todos os dias que para vivermos fraternalmente não precisávamos estar ligados a religião alguma. Nos ensinava que poderíamos viver bem sem essa obrigatoriedade. E aí abro parênteses para lembrar a todos que as religiões têm sido mais pródigas em insuflar ódios e guerras, que a paz entre os homens.
            Quando Ghandi foi argüido sobre qual era sua religião, respondeu: “sou hindu, cristão, judeu e muçulmano”. Ou seja, deixou claro que sua alma convivia amigavelmente com todos, indiscriminadamente. Para ele não havia diferença entre as religiões, pois a sua “religião” se fundamentava  em “fazer aos outros o que gostaria que fizessem a você”. Simples assim. Fácil (?) assim. Agindo dessa maneira, não nos utilizamos de nenhum procedimento religioso. Pura e simplesmente aplicamos a conduta mais elementar entre semelhantes.
            A vida tem me mostrado que pessoas que professam ser agnósticas, ou mesmo atéias, têm, às vezes, um procedimento mais sincero e fraterno que outras que pertencem a uma religião. Conheço um empresário que apesar de não se apegar a religião alguma, ajuda todos seus funcionários, dando-lhes casa própria, financiando carros, pagando a faculdade de seus filhos, além de dar uma gratificação de fim de semana "para o almoço de domingo". E sem qualquer interesse. Esse senhor é incrivelmente mais cristão do que qualquer um de nós.
            O simples ato de filiar-se a uma religião nada significa, pois quando olhamos o mundo vemos ódio, maldade, egoísmo e muito, mas muito, desamor. E esses atos geralmente são praticados por pessoas que seguem algum caminho religioso.
            Faço questão, mais uma vez, de frisar que Cristo não inventou e tampouco fundou ou indicou religião alguma! E se tivesse que nos indicar uma, indicaria o judaísmo, pois era judeu! O que ele nos deixou foi um manual de vida, a Bíblia. Manual esse que ignoramos, adequamos às nossas necessidades, deturpamos, fragmentamos para usarmos só o que nos interessa, etc.
            Preste atenção: você já viu entre os povos que se digladiam, um agnóstico ou um ateu? Não! Isso vem a ser um alerta de quanto nossa religiosidade está em baixa? Ou de que mantemos apenas o necessário, indo ao culto aos domingos e passando o resto da semana ao nosso bel prazer, sem sequer chegarmos perto da Bíblia?
            Fico pensando: será que os espiritualmente sincréticos como Ghandi, são mais puros do que aqueles que professam religiões? Depende de suas ações...
            Cristo nos deixou um caminho: "Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros" (Jo 13, 14). Mas isso é difícil. Exige cuidado, renuncia e abandono do amor próprio e outras coisas mais. Pensamos nas probabilidades e nos esquecemos da realidade. Pensamos em como seria se estivéssemos ao lado daquela ou dessa pessoa, mas nos esquecemos de que estamos ao lado de outras que necessitam de nosso carinho e afeto e até mesmo apoio material.
Infelizmente o pecado originou uma esfera de amor próprio que é absorvida por quase todos os seres deste planeta.  Desde Lúcifer, ainda no céu, o amor ao próprio eu vem se intensificando mais e mais, e o amor a Deus e ao próximo está enfraquecendo.
Cabe a cada um de nós construir seu caminho e vivermos a vida da forma que Jesus nos ensinou. Todos reclamam do mundo, da situação, do governo, do vizinho, enfim de tudo! Mas nada mudará enquanto a humanidade caminhar às cegas, sem amar ao próximo, como Deus ordenou que amássemos. Há mais de dois mil anos nasceu um Homem- chamado Jesus - cuja finalidade de vida era mostrar o verdadeiro sentimento que deve mover a humanidade. Um homem que era movido por seu relacionamento de amor para com Deus e para com os semelhantes. Ele declarou que o amor é natural e incondicional e amava todos os tipos de pessoas, desde ricos aos mais pobres, ladrões, prostitutas, assassinos, traidores, etc.
            Esse homem -Jesus, filho de Deus- foi um exemplo vivo daquilo que Deus espera de cada um de nós. Que amemos incondicionalmente nossos amigos, inimigos, desafetos, parentes, enfim todas as pessoas. E para amarmos incondicionalmente, temos que imitá-lo, segui-lo, ou seja: amarmos até a morte e morte de Cruz! Só de pensar dói, né? Mas é exatamente isso que Ele espera de nós.
 Reflita nisso e deixe de levar a vida da forma que lhe é mais conveniente! Realinhe-a naquilo em que ela estiver fora dos objetivos de Deus. Tenho certeza que você se sentirá bem melhor e em paz. Então porque não tentar?