segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Palavra para meditação: Natal, encarnação divina

Natal, encarnação divina
Pr.Ed René Kivitz


   A Encarnação do Filho, em sua atordoante exuberância, aparentemente não bastara para um Deus suficientemente ambicioso. A divindade provera para si, através do precedente de Jesus, uma segunda e definitiva encarnação, efetuada pelo derramamento profuso da consciência universal de Cristo sobre os que eram tocados por ele. Deus revelava finalmente seu plano: um Filho singular não lhe bastava; seu projeto era ter uma multidão de Filhos. [Paulo Brabo]
   Sabia que lembrar-se muito dele atrapalharia tudo, porque é preciso ser como ele e não para ele. E, para ser como ele, é preciso esquecê-lo, docemente esquecê-lo. Esquecê-lo é colocá-lo além da memória, é encarná-lo. Como as pernas e os braços que a gente tem e não se lembra, desde que não haja problemas com isso. [Rondinelly Gomes Medeiros]
   Deus não faz coisa alguma ao nosso lado para nos completar, ou em nosso lugar, suprimindo-nos, mas faz com que nós façamos, pois sustenta nosso ser e agir. A ação parte da criatura, possibilitada pelo Criador. Assim, quanto mais faz Deus, mais fazem as criaturas, quanto mais as criaturas fazem, mais faz Deus. Onde a criatura falha, Deus também falha, porque desde que nos criou decidiu, livremente, nada fazer sem nosso acolhimento e aceitação. [Andrés Torres Queiruga]
    Na parábola do Bom Samaritano… Deus não pode forçar a liberdade. O sacerdote e o levita não acolhem o apelo divino. Só o samaritano se compadece. Nesse momento, Deus pode realmente salvar o ferido. O samaritano passou a ser a mão divino: sem ela, Deus “nada” poderia fazer. A ação humana nasceu do apelo divino e dEle recebeu seu ser, força e inspiração para agir… [Deus] sem intervir na autonomia do criado, interpela a liberdade e a autonomia, para que, sem quebrar a legalidade do mundo [possa agir]. [Andrés Torres Queiruga]
    Por minha ressurreição eu envio o meu Espírito… A partir de agora, nunca mais como antes acalmarei a tempestade. Mas o meu Espírito a acalmará quando vós tiverdes construído navios capazes de suportar as ondas. Nunca mais tornarei a alimentar multidões no deserto, mas o farei quando o meu Espírito criador vos tiver levado a aperfeiçoar os solos  a distribuir suas riquezas. E se nestas tarefas de amor sofreis, eu não posso evitá-o porque já não estou “entre vós”, mas “em vós”. Mais ainda, sou eu quem em cada um de vós sofro o mar tempestuoso e a fome. Exatamente como vós. Não vos embarquei numa aventura sem saber se o porto vale a travessia. A única garantia que posso vos dar é o ter-me embarcado definitivamente convosco. [Juan Luis Segundo]
   Nossa maioridade nos conduz a um verdadeiro reconhecimento de nossa situação diante de Deus. Deus quer que saibamos que devemos viver como quem administra sua vida sem ele. O Deus que está conosco é aquele que deserta de nós. O Deus que nos permite viver no mundo sem a hipótese funcional de Deus é aquele diante do qual permanecemos continuamente. Diante de Deus e com Deus, vivemos sem ele. [...] Deus é fraco e sem poder neste mundo, e essa é a precisamente a maneira, a única maneira pela qual ele está conosco para nos ajudar. [Dietrich Bonhoeffer]

Estratégia de Marketing de Deus
Por Robert J. Tamasy

Marketing é tudo - pelo menos é o que dizem. É preciso criar identidade com o cliente. Encontrar um nicho para nosso produto ou serviço. Trabalhar para firmar uma marca reconhecível. Lutar por visibilidade e permanecer em primeiro lugar na mente de clientes e consumidores quando necessitarem de algo que tenhamos para oferecer. Conquistar mais “fatia do mercado”!

Como fazer isso? Temos diversas opções: dar entrevista coletiva à imprensa; imprimir folhetos coloridos e atraentes; criar
um site avançado, de alto impacto; dar entrevistas na TV, rádio e jornais; contratar um relações públicas; formular estratégia multimídia de propaganda; ter um personagem famoso avalizando o produto. 

Ao celebrar o natal no final desta semana, parece que Deus deixou o marketing de lado. Se não, as circunstâncias que cercaram o nascimento do Cristo teriam sido tratadas de maneira diversa. Consideremos o seguinte: (1) Jesus, o Filho de Deus, nasceu no pequeno e obscuro vilarejo de Belém, que não era rota comercial importante, tampouco um lugar que chamasse atenção; (2) sem “orçamento” para marketing, os pais de Jesus careciam de fundos até para alugar um quarto de hotel decente; seu bebê nasceu num humilde estábulo, cercado por animais e tendo por berço uma manjedoura; (3) não havia “mídia” a levar em conta; a imprensa levaria 1.500 anos para ser inventada; foto, rádio e TV não eram nem mesmo ficção na imaginação de alguém. 

A lista poderia ir longe. Um famoso hino de natal diz, “Ouça os Anjos Mensageiros Cantar”. Eles foram os únicos a fazer uma proclamação formal. As primeiras testemunhas em cena foram pastores anônimos sem nenhuma influência na dominante cultura romana. Mesmo assim, dentro de dias, milhões de seguidores em todo o mundo celebrarão o nascimento de Jesus Cristo. Como isso pode ter acontecido sem qualquer ação de marketing? Porém, isso se realizou pela implementação de princípios comumente adotados no mundo de negócios. Vejamos: 

Clientes satisfeitos. A melhor propaganda é feita quando as pessoas pessoalmente atestam o valor de um produto que usaram ou experimentaram. Sem salários ou comissões, eles são “clientes satisfeitos”. “Esses homens que têm causado alvoroço por todo o mundo, agora chegaram aqui” (Atos 17.6).

Testemunhos de excelência. Quando clientes ou consumidores estão entusiasmados com um bom serviço, ficam ansiosos para alardear isso para outras pessoas. “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam, isto proclamamos a respeito da Palavra da vida... Nós lhes proclamamos o que vimos e ouvimos para que vocês também tenham comunhão conosco” (I João 1.1-3). 

Promessas cumpridas. É comum exagerar a competência de produtos ou serviços. Mas quando entregamos o que prometemos, ganhamos um cliente para toda a vida. “Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão Minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra” (Atos 1.8). 

Feliz Natal!

Questões Para Reflexão ou Discussão

1. Como você está planejando festejar o natal este ano?
2. Que diferença faria para você se Jesus não tivesse nascido e não houvesse motivo para celebrar o natal?
3. Quando pensa em Jesus Cristo, você se considera um “cliente satisfeito” ou um "cliente céptico"?
4. Em sua opinião, por que Deus escolheu aquela ocasião para o primeiro natal, ao invés de esperar por uma era como a atual, cheia de recursos de marketing e de mídia?

Desejando considerar outras passagens da Bíblia relacionadas ao tema, sugerimos: Mateus 28.16-20; Lucas 24.45-49; João 21.24-25; Atos 1.1-11; Gálatas 2.20. 

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

AS SETE CARTAS DO APOCALIPSE
                        Uma análise simples e direta sobre o mito do Apocalipse
                                  Pra. Maria Luísa Duarte Simões Credidio



Muita gente que imagina que o Apocalipse é um livro repleto de mistérios enigmáticos que somente os especialistas seriam capazes de decifrar, o que não é verdade, pois o próprio termo Apocalipse significa revelação. Sendo assim, o que estava oculto, agora, está sendo revelado. Os sete selos que lacravam o livro foram rompidos pelo Cordeiro de Deus, revelando, assim, como ele próprio vencerá e julgará o mal para estabelecer a plenitude de seu reino de justiça e paz (5.1-14).
É preciso ter em mente que o Apocalipse traz cartas endereçadas ao povo simples e sofredor das sete igrejas da Ásia Menor que viveram no primeiro século da era cristã. Portanto, foi escrito de tal maneira que essas pessoas humildes pudessem compreender sua mensagem.
O livro é uma revelação de como o glorioso Senhor Jesus Cristo, o soberano dos reis da terra (1.4), promoverá juízos contra os malfeitores trazendo pureza, justiça e paz ao mundo (6.12-17 e capítulos 18 a 22). O clima é de guerra contra o mal (18.14), onde inúmeros seguidores de Cristo estão sendo martirizados (6.9; 7.9-14 e 13.15; 20.4). A morte não é o fim daqueles que seguem o caminho do Cordeiro de Deus que foi morto, mas ressuscitou e que vive e reina para sempre juntamente com todos os seus mártires (1.18; 18.14 e 20.4).
O livro traz conforto e ânimo aos que estão passando pela Grande Tribulação (7.13-17; 18.14). Eles não devem ter medo do sofrimento, pois tudo está sob o controle do Senhor Jesus (2.10). Ele triunfará sobre o mal e vingará o sangue dos inocentes (6.9-17; 18.14 e 19.1-9), retribuindo a cada um segundo as suas obras (2.23; 22.12). O Rei das Nações (15.3) promoverá a cura das nações (22.2) e a maldição não terá mais lugar (22.3), pois felizes para sempre serão os que lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro (22.14; 7.14-17; 20.4).
Esta revelação é dada à sete igrejas da Ásia menor. Não havia apenas sete igrejas naquela região, mas sete foram escolhidas para representar a Igreja de Cristo em sua totalidade, assim como João escolheu sete milagres de Jesus para registrar em seu Evangelho com o intuito de representar a totalidade dos milagres como um demonstrativo da natureza divina de Cristo. O fato do Senhor comunicar à igreja o que ele está para prestes a executar, demonstra o alto conceito que ele tem da Igreja. Ela pode ser desprezada e perseguida pelo mundo, mas é valorizada por Jesus. Está no centro dos planos de Deus (Ef 1.22-23; 2.6-7; 2Co 5.18-20),  é agente do Reino de Deus e serve como protótipo da nova criação, do novo céu e da nova terra (1 Pe 2.9; Mt 5.13-15; Mt 6.10; At 1.8; 1 Pe 4.10; 2 Co 5.17; Rm 14.17).
O Senhor comunica à Igreja o que está prestes a fazer, pois ela é o Corpo de Cristo nesta terra e tem um papel muito importante na execução dos planos de Deus (Mt 28.18-20; At 1.6-8; 1 Pe 2.9). Além disso, o Senhor alerta a igreja para que ela não seja pega de surpresa quanto as provações que há de enfrentar em sua luta contra o mal. O conteúdo desta revelação serve também de conforto e ânimo, motivando a Igreja a perseverar em seu testemunho diante das tribulações para que ela possa cumprir com fidelidade a sua  missão no mundo.
A Igreja possui um papel muito ativo nos planos de Deus. Os eventos escatológicos estão intimamente ligados ao sucesso da missão da Igreja, pois o fim só virá depois da pregação do Evangelho a todas as nações (Mt 24.14). O Apocalipse revela que haverá no céu uma multidão incontável de mártires procedentes de todos os povos, tribos e nações (7.9), sinal de que a Igreja cumprirá com sucesso sua missão, possibilitando assim que os eventos de juízo contra o mal cheguem ao clímax na consumação dos séculos que trará o dia do Juízo Final. Tais juízos são consequências da ira de Deus que virá sobre a terra para vingar o sangue dos inocentes (6.10 e17; 14.7; 16.1-7 e 19.2) e para estabelecer um novo tempo em que a maldade não terá mais lugar (21.1-7).
Agora, todo privilégio traz consigo responsabilidades (Tg 3.1). O Senhor pede conta dos talentos entregues aos seus servos (Mt 25.19). “Para aquele que muito for dado, muito será requerido” (Lc 12.48). O Senhor está revelando à Igreja os seus juízos contra o mal que estão prestes a acontecer no mundo em favor da restauração da santidade, mas, “o julgamento começa pela casa de Deus; e, se começa primeiro conosco, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus? E, se ao justo é difícil ser salvo, que será do ímpio e pecador?” (1Pe 4.17 e 18). Sendo assim, vemos aqui nestas cartas do Apocalipse, que o Senhor Jesus que está prestes a julgar o mundo, começa seu julgamento a partir de sua própria Igreja, pois ela deve ser a luz do mundo e o sal da terra. A Igreja é uma comunidade composta por novas criaturas, que receberam um novo coração (Ez 11.19) e que foram regeneradas e capacitadas pelo Espírito (Tt 3.5-6), recebendo as condições necessárias para viverem uma nova vida de acordo com os valores do Reino de Deus (2Pe 1.3; Ef 1.3). Vejamos o que Jesus escreve as sete igrejas.
Lendo as sete cartas de Cristo, percebemos o seguinte padrão geral: 1. Jesus se apresenta; 2. Jesus conhece as virtudes da Igreja; 3. Jesus conhece os pecados da Igreja; 4. Jesus punirá os infiéis; 5. Jesus exorta ao arrependimento 6. Jesus recompensará os fiéis e 7. A exortação final de Jesus.  Analisemos esses tópicos.

1.JESUS SE APRESENTA ASSIM ÀS SETE IGREJAS:
À Éfeso como aquele que tem as sete estrelas em sua mão direita e anda entre os candelabros (2.1).
À Esmirna como o Primeiro e o Último, como aquele que morreu e tornou a viver (1.8).
À Pérgamo como aquele que tem a espada afiada de dois gumes (2.12),
À Tiatira como o Filho de Deus, cujos olhos são como chama de fogo e os pés como o bronze reluzente (1.18);
À Sardes como aquele que tem os sete espíritos de Deus e as sete estrelas (3.1);
À Filadélfia como aquele que é santo e verdadeiro e que tem a chave de Davi (3.7);
E à Laodicéia como o Amém, a testemunha fiel e verdadeira e como o soberano da criação de Deus (3.14).
Então, em suas apresentações, Jesus se revela como o Senhor da Igreja, que passeia no meio dela (1.20; 2.1; 3.1), marcando presença no meio da Igreja com seus pés como de bronze reluzente e como aquele que tudo vê através de seus olhos que são como chama de fogo que examina as obras de cada um, queimando o pecado, destruindo a palha e purificando o metal precioso (1.18; 1Co 3.13). Como aquele que morreu e ressuscitou, ele conforta e anima os atribulados, e com a chave de Davi, o santo e verdadeiro, tem poder para abrir e fechar portas que ninguém pode reverter. Com sua espada afiada de dois gumes, ele está pronto para punir os malfeitores. Jesus não é apenas o Senhor da Igreja, mas é também o soberano da criação de Deus.

2. JESUS CONHECE AS VIRTUDES DA IGREJAJesus conhece pessoalmente Igreja. Ele conhece as circunstâncias adversas (2.9, 13) e destaca as virtudes das igrejas, tais como: as boas obras (2.2, 19), o amor (2.19), o trabalho árduo (2.2, 19), a perseverança diante do sofrimento e pobreza (2.2, 3, 9, 19, 3.8, 10), a perseguição e martírio por fidelidade a Cristo (2.10, 13; 3.8) sua luta contra os hereges, seu apego a sã doutrina (2.3, 24, 3.10), sua santidade (3.4), sua fidelidade (2.13; 3.10),ob ediência e a sua fé e serviço (2.19).

3. JESUS CONHECE OS PECADOS DA IGREJAJesus também conhece muito bem os pecados da Igreja, tais como: aqueles que seguem os falsos apóstolos e profetas, aqueles que seguem as heresias dos nicolaítas, Jezabel e de Balaão, aqueles que vivem na prática de imoralidades e idolatrias, aqueles cujas obras não são perfeitas, aqueles que são mornos espirituais e aqueles que se acham espirituais, mas que de fato são miseráveis, pobres, cegos e que estão nus (3.17; 2Pe 1.8-9) , de modo a envergonhar o santo nome de Cristo.

4. JESUS ADVERTE MOSTRANDO AS CONSEQUÊNCIAS DE UMA VIDA DE PECADO
Jesus adverte sobre o pecado no mundo e na Igreja (2Tm 2.19). Num ato de misericórdia, buscando despertar a Igreja, adverte apontando para as duras consequências de uma vida pecaminosa. Os crentes devem se arrepender, “se não”: terão o seu candelabro removido (2.5), ou seja, a sua luz será apagada, e não terão direito a comer do fruto da árvore da vida que está destinado somente aos vencedores (2.7), e não terão direito a coroa da vida que esta destinada apenas aos que forem fiéis até a morte (2.10) e estarão sujeitos à segunda morte que é a condenação eterna, pois somente ao vencedor é dito que de modo algum sofrerá a segunda morte (2.11). Se não houver arrependimento e mudança de atitude, o próprio Senhor Jesus virá contra os impenitentes com a sua espada afiada de dois gumes (2.16), pois Jesus retribuirá a cada um segundo as sua próprias obras (2.23). Se os crentes não estiverem vigiando, serão surpreendidos quando, Jesus, o noivo vier de surpresa e ficarão de fora das bodas (3.3; Mt 25.1-13), terão seus nomes riscados do livro da vida, pois somente os fiéis é que jamais terão os seus nomes apagados deste livro (3.5; Ex 32.33). Se não houver arrependimento, se não houver fervor espiritual, o crente morno deve saber que corre o risco de ser vomitado da boca do próprio Deus (3.16).

5. JESUS CONVIDA AO ARREPENDIMENTOJesus conclama a Igreja ao arrependimento (2.4, 16, 21-24, 3.3, 19). Ele passeia no meio dos candelabros (2.1), ele anda no meio da Igreja esquadrinhando mentes e corações. Ele enaltece as virtudes, mas também recrimina o pecado, advertindo quanto aos perigos que a Igreja está correndo ao persistir no erro, tudo visando a cura e a restauração da santidade da Igreja. Jesus concede tempo e oportunidade para o arrependimento até mesmo àquela falsa profetiza Jezabel (2.21)! E para a mais carnal e pecaminosa de todas as sete igrejas, Jesus ainda estende este carinhoso convite, dizendo: “Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo” (3.20). Jesus está à porta batendo. Ele não está tentando entrar à força. Ele. Jesus deseja que sejamos receptivos ao seu convite amoroso. Só não o aceita quem não quer.E se o filho quer ir embora, pode ir, mas se volta arrependido,sujo,descalço, trajando farrapos, ferido e quebrado, é recebido com beijos, abraços e muita festa! (Lc 15.11-24)

6. JESUS MOTIVA MOSTRANDO AS RECOMPENSASJesus estimula sua Igreja dizendo que aquele que for fiel até a morte receberá a coroa da vida (2.10), o vencedor receberá ainda o maná escondido e uma pedra branca com um novo nome nela escrito (2.17), o que vencer e for obediente até o fim receberá autoridade sobre as nações e receberá a estrela da manhã (2.26-28); os vencedores que não contaminaram as suas vestes, andarão com Jesus, vestidos de branco, pois são dignos, e jamais terão os seus nomes apagados do livro da vida, mas serão reconhecidos diante do Pai celeste (3.4-5), eles servirão perpetuamente em posição privilegiada como coluna no santuário de Deus, e receberá em si a inscrição do nome de Deus, do Senhor Jesus Cristo e de sua santa cidade celestial (3.12), e receberão o direito de sentar-se juntamente com Cristo no seu trono assim como Jesus venceu e recebeu o direito de sentar-se no trono do Pai (3.21). Somos, assim, estimulados à desenvolver nossa salvação como temor e também a nos empenharmos para confirmar nossa eleição sabendo que é desta forma que estaremos ricamente providos para entrar no Reino Eterno de nosso Senhor e Salvador (2Pe 1.10.11).

7. ÚLTIMA EXORTAÇÃO DE JESUSNo final de cada uma das sete cartas, Jesus dirige uma última exortação, dizendo: “Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas” (2.7, 11, 17, 29; 3.6, 13 e 22). Como também alertou o autor de Hebreus: “Hoje, se vocês ouvirem a sua voz, não endureçam o coração... cuidado, irmãos, para que nenhum de vocês tenha coração perverso e incrédulo, que se afaste do Deus vivo” (Hb 3.7-12). O Espírito de Cristo está falando e batendo a porta. Ele nos ama e deseja ter comunhão conosco. Portanto, “Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas”!

domingo, 28 de novembro de 2010

ENGANAÇÕES VIRTUAIS

 Me engana que eu gosto
Ed René Kivitz

As culturas devem ser lidas nas linhas e entrelinhas. As linhas falam da coisa em si. As entrelinhas falam do espírito da coisa. As entrelinhas podem distorcer e até mesmo destruir o que está dito nas linhas.

Com a cultura cristã não é diferente. Veja o exemplo da assinatura da Igreja Universal do Reino de Deus, a saber, Jesus Cristo é o Senhor. De acordo com o Novo Testamento, isso significa que devemos viver como escravos dos propósitos de Jesus Cristo: ele manda e a gente obedece, ele propõe e a gente executa, ele dirige e a gente segue, pois afinal de contas, Ele é o Senhor. Mas na cultura da IURD, as entrelinhas dessa afirmação fazem com que ela signifique que Jesus pode realizar todos os seus desejos, afinal de contas Ele é o Senhor. A relação fica invertida: você clama e ele responde, você reivindica e ele atende, você pede com fé e ele lhe dá o que foi pedido, você participa da corrente de oração e se submete aos 318 pastores e Jesus faz a sua vida próspera e confortável, pois Jesus Cristo é o Senhor e você é “filho do rei”, de modo que não há qualquer motivo para que você continue nessa vida miserável, daí a segunda convocação da IURD: “para de sofrer”. Percebe como as linhas dizem uma coisa e as entrelinhas dizem outra?

O movimento evangélico é mestre em fazer confusão e promover distorção do Evangelho em virtude desse jogo de linhas e entrelinhas. Um exemplo disso é a mensagem VAI DAR TUDO CERTO, que recebi essa semana.

SALMO 22
VAI DAR TUDO CERTO

DEUS me pediu que te dissesse que tudo irá bem contigo a partir de agora.
Você tem sido destinado para ser uma pessoa vitoriosa e conseguirá todos teus objetivos.
Nos dias que restam deste ano se dissiparão todas as tuas agonias e chegará à vitória.
Esta manhã bati na porta do céu e DEUS me perguntou...
'Filho, que posso fazer por você ?'
Respondi:
'Pai, por favor, protege e bendiz a pessoa que está lendo esta mensagem'.
DEUS sorriu e confirmou: 'Petição concedida'.
Leia em voz baixa...
'Senhor Jesus :
Perdoa meus pecados.
Amo-te muito, te necessito sempre, estás no mais profundo de meu coração, cobre com tua luz preciosa a minha família, minha casa, meu lugar, meu emprego, minhas finanças, meus sonhos, meus projetos e a meus amigos'.
Passe esta oração a 5 pessoas, no mínimo.
Receberás um milagre amanhã.
Não o ignore.

Deus tem visto suas Lutas.
Deus diz que elas estão chegando ao fim.
Uma benção está vindo em sua direção.
Se você crê em Deus, por favor envie esta mensagem para 20 amigos.
Se acredita em Deus envia esta mensagem a 20 pessoas,
se rejeitar lembre Jesus disse:
“se me negas entre os homens, te negarei diante do pai” Dentro de 4 minutos te dirão uma notícia boa

Deixo de lado a crítica gramatical e o péssimo uso da lingua portuguesa. Dedico minha atenção ao conteúdo da mensagem que, travestida de cristã, é absolutamente anti-cristã: mentirosa, fantasiosa, desprovida de qualquer sentido bíblico, desalinhada com o todo do ensino e experiência de Jesus, seus apóstolos, e seus primeiros seguidores, totalmente alinhada com os dircursos baratos da auto-ajuda e da enganação religiosa, enfim, uma versão barata e piedosinha da superstição sincrética do espiritualismo popular.

A afirmação “vai dar tudo certo”, lida de acordo com as linhas do Novo Testamento, significaria, por exemplo, que os propósitos de Deus prevalecerão, a marcha da igreja de Jesus Cristo contra os poderes do mal será vitoriosa, a vontade de Deus será um dia feita na terra como o céu. Mas também significaria que os seguidores de Jesus seriam sempre ovelhas em meio aos lobos [Mateus 10.16], odiados pelo sistema sócio-político-econômico anti reino de Deus, ameaçados de morte, rejeitados, caluniados, e perseguidos por causa do nome de Jesus [Mateus 5.10-12], e passariam por muito sofrimento e tribulação antes de receberam a vitória plena no reino eterno de Deus [Atos 14.22]. Isto é, antes de dar tudo certo, daria tudo errado.

A convicação de que “em Cristo somos mais que vencedores” [Romanos 8.37], e que “em Cristo Deus sempre nos conduz em triunfo” [2Coríntios 2.14], é também acompanhada de uma profunda compreensão a respeito dos custos de se colocar ao lado de Deus e do reino de Deus, em oposição à injustiça e aos agentes promotores e mantenedores da morte no mundo.

Porque me parece que Deus nos colocou a nós, os apóstolos, em último lugar, como condenados à morte. Viemos a ser um espetáculo para o mundo, tanto diante de anjos como de homens. Nós somos loucos por causa de Cristo, mas vocês são sensatos em Cristo! Nós somos fracos, mas vocês são fortes! Vocês são respeitados, mas nós somos desprezados! Até agora estamos passando fome, sede e necessidade de roupas, estamos sendo tratados brutalmente, não temos residência certa e trabalhamos arduamente com nossas próprias mãos. Quando somos amaldiçoados, abençoamos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, respondemos amavelmente. Até agora nos tornamos a escória da terra, o lixo do mundo.
[1Coríntios 4.9-13]
Fica, portanto, muito evidente que quando os cristãos do Novo Testamento diziam que “vai dar tudo certo” estavam afirmando coisas completamente diferentes dessas afirmadas na mensagem que recebi pela internet, que diz:

Tudo irá bem contigo a partir de agora.

Você tem sido destinado para ser uma pessoa vitoriosa e conseguirá todos teus objetivos.

Nos dias que restam deste ano se dissiparão todas as tuas agonias e chegará à vitória.

Cobre com tua luz preciosa a minha família, minha casa, meu lugar, meu emprego, minhas finanças, meus sonhos, meus projetos e a meus amigos'.

Receberás um milagre amanhã.

Uma benção está vindo em sua direção.

Dentro de 4 minutos te dirão uma notícia boa.

Meu amigo, minha amiga, não é verdade que “tudo irá bem contigo a partir de agora”, e também não é verdade que “você tem sido destinado para ser uma pessoa vitoriosa e conseguirá todos teus objetivos”. Não se iluda, pois não é verdade que “nos dias que restam deste ano se dissiparão todas as tuas agonias e chegará à vitória”. Preste atenção: o compromisso cristão não suplica que Deus cubra com sua luz “minha família, minha casa, meu lugar, meu emprego, minhas finanças, meus sonhos, meus projetos e a meus amigos”. Na verdade, o compromisso cristão exige que você deixe de viver para seus sonhos, seus planos e seus projetos e passe a viver para Deus, pois, como ensina a Bíblia, “o amor de Cristo nos constrange, porque estamos convencidos de que um morreu por todos; logo, todos morreram. E ele morreu por todos para que aqueles que vivem já não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou“ [2Coríntios 5.14,15], e justamente por isso é que quem deseja seguir a Jesus deve lmebrar o que Jesus disse:

"Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa, a encontrará. Pois, que adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou, o que o homem poderá dar em troca de sua alma?” [Mateus 16.24-26]

Também não é verdade que “receberás um milagre amanhã” e que “dentro de quatro minutos te dirão uma notícia boa”.

Pelo amor de Deus, jogue fora esse evangelho açucarado, que promete o que Deus jamais prometeu, e gera falsas esperanças nas pessoas. Respeite o sofrimento e a dor das milhares de pessoas que, apesar de sua fé, e talvez justamente por causa de sua fé, passam fome, não têm mínimas condições de sobrevivência, sofrem as consequências de tragédias pessoais e fatalidades naturais, são vítimas de um sistema mundano cruel, que as condena à escravidão e a uma vida sem futuro. Lembre dos cristãos que vivem na África, na Índia, na América Latina, e nos rincões miseráveis do Brasil. Seja solidário com as minorias: os negros escravizados, as mulheres violentadas, as crianças abusadas, as populações indígenas dizimadas, os refugiados de guerra, os perseguidos políticos, os desaparecidos. Respeite a grandeza dos cristãos perseguidos e mortos sob a tirania do fundamentalismo islâmico e dos regimes políticos ateístas. Pense um pouco se essa mensagem “vai dar tudo certo, todos os seus sonhos se realizarão, você vai receber um milagre amanhã” faz algum sentido na ala infantil do Hospital do Câncer, no campo de refugiados (mutilados) de Angola, ou nos casebres secos do sertão brasileiro.

Construa sua fé sobre um alicerce mais sólido. Por exemplo, o Salmo 22, aviltado com essa mensagenzinha “vai dar tudo certo”. Aliás, é bom lembrar que Bíblia não é um livro que pode ser manuseado por qualquer pessoa, de qualquer jeito. Da mesma maneira que não é qualquer pessoa que pode dar palpite a respeito do direito, de medicina, da engenharia, ou do marketing, também a teologia exige um mínimo de preparo, senão, muito preparo mesmo. Digo isso porque talvez o autor dessa mensagenzinha não saiba que o Salmo 22 é um dos Salmos messiânicos, que profetiza o sofrimento e o fracasso do Messias, que foi (1) abandonado por Deus e pelos homens [Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste? Por que estás tão longe de salvar-me, tão longe dos meus gritos de angústia? Meu Deus! Eu clamo de dia, mas não respondes; de noite, e não recebo alívio! Não fiques distante de mim, pois a angústia está perto e não há ninguém que me socorra], (2) rejeitado [Mas eu sou verme, e não homem, motivo de zombaria e objeto de desprezo do povo], (3) insultado [Caçoam de mim todos os que me vêem; balançando a cabeça, lançam insultos contra mim], (4) dilacerado pela dor que lhe foi brutalmente imposta [Como água me derramei, e todos os meus ossos estão desconjuntados. Meu coração se tornou como cera; derreteu-se no meu íntimo. Meu vigor secou-se como um caco de barro, e a minha língua gruda no céu da boca; deixaste-me no pó, à beira da morte. Cães me rodearam! Um bando de homens maus me cercou! Perfuraram minhas mãos e meus pés], e por fim (5) cuspido na cara e crucificado como impostor.

Para esse Messias não deu nada certo. Ele não recebeu uma boa notícia quatro minutos após sua agonia no Getsêmani, e também não recebeu um milagre no dia seguinte. No dia seguinte foi crucificado.

Mas esse Messias, apresentado pelo profeta como “homem de dores, que sabe o que é padecer” [Isaías 53], “Deus exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai” [Filipenses 2.9-11]. Isso sim é dar tudo certo.

Provavelmente alguém vai dizer que é isso o que a mensagenzinha da internet quis dizer. Mas não foi. Nas linhas, pode ter sido. Mas no contexto da religiosidade popular e da subcultura evangélica, a mensagenzinha sugeriu que “os seus sonhos e os seus projetos” darão certo, e que você pode esperar para amanhã aquela resposta milagrosa de Deus para resolver seus problemas e dificuldades particulares, e que em quatro minutos você vai receber uma notícia boa, muito provavelmente trazendo a você uma benção na forma de conforto e prosperidade.

Em síntese, a mensagenzinha pode ser interessante, pode trazer uma esperança e um conforto para quem está lutando contra um sofrimento ou uma dificuldade medonha, e pode até mesmo trazer um alívio do tipo “eu sei que não é bem assim, mas é bom pensar que é, ou acreditar que pode ser”. Mas definitivamente essa mensagenzinha não tem nada a ver com o Evangelho de Jesus Cristo.



2010 | Ed René Kivitz



sexta-feira, 19 de novembro de 2010

CHEGA DE BARBARIDADES E INVENCIONICES NO REINO DE DEUS!

Pra.Maria Luísa Duarte Simões Credidio

   Hoje em dia a Igreja fala muito em quebra de maldição, evangelho da prosperidade, e outras neobesteiras. Há até ministérios específicos para isso, vendendo livrinhos de oração para todas as situações, toalhinhas bentas, vidrinhos de óleo de Jerusalém e tudo o mais que se pensar.
  Infelizmente hoje o evangelho está morto e cheio de dogmas. Certa vez, numa igreja do Jardim da Saúde, que meu marido frequentava, uma presbítera tentou fazer nele uma unção peniana, ao lado de uma pastora e uma diácona, pois o trio afirmava que o pênis dele carregava maldição. Você aceitaria isso?  Ou aceitaria se a igreja quisesse lhe vender uma toalhinha “abençoada” que tira mau-olhado e quebra feitiço? Ou toparia se  lhe convidassem para uma regressão intra-uterina profunda que detectasse que você tem maldições que te acompanham desde os tempos primordiais de sua família e que elas precisam ser quebradas, e que somente aquela pastora, a “ungida” de Deus pode fazê-lo? Com certeza qualquer dessas coisas iria trazer estranheza a seu entendimento das escrituras.
   E entrevista com demônios? Há locais, infelizmente chamados de igrejas, que mandam o demônio ficar ajoelhado e com as mãos amarradas e  ficam interrogando o "ilustre visitante". Não existe base bíblica para essas barbaridades! Jesus, só uma vez conversou, quando permitiu que os espíritos imundos entrassem nos porcos – Mateus 8:32 e Marcos 5:8,9. Em Marcos 1:25, Cristo diz apenas – "Cala-te, e sai dele". Em Lucas 9:42 "... Jesus repreendeu o espírito imundo...”. Vejamos ainda em Lucas 10:17 "Senhor, pelo teu nome até os demônios se nos submetem" e em Atos 16:18 "Em nome de Jesus Cristo, ordeno-te que saias dela...".
Antigamente, quando se percebia que alguma manifestação ia acontecer, todos oravam e o dirigente falava simplesmente - sai em nome de Jesus. Muitas vezes havia resistência. Mas a expressão era sempre a mesma. - Sai, sim, em nome de Jesus.
Agora, antes de expulsar um demonio, ficam fazendo entrevista com ele: querem saber o nome, quem mandou, o que ele quer,etc. E o pior de tudo é que depois, chamam o 'liberto" para dar testemunho e contar uma porção de coisas  que o demônio fazia com ele. Gastam o tempo da celebração falando do diabo e não de Jesus!
Assim é grande parte das igrejas brasileiras de hoje, ditas evangélicas. Faz-se qualquer coisa, inventa-se um estratagema qualquer, "milagres" aos borbotões, para não perder a preciosa colaboração financeira dos frequentadores. Lançam o Evangelho no ridículo, a ponto de eu ouvir de um lider batista muito sério, que uma tenue linha separa os pastores dos bandidos.Verdade, triste verdade!
E sempre aparecem noidades. Quem não se lembra dos dentes de ouro? Todo mundo queria ter um dente de ouro, até mesmo aqueles que usavam dentaduras. Um certo bispo – na época ainda não tinha essa onda de apóstolo-, disse para um fiel jogar fora a dentadura que Deus iria dar-lhe todos os dentes de ouro, e isso seria uma prova inequívoca de fé. Não é preciso lhes dizer que o homem ficou banguelinha, banguelinha, e precisou fazer dentadura nova, preciso?
Vejo com muita tristeza, pessoas se vendendo por tão pouco, por uma ilusão, seguindo homens que afirmam sem medo nenhum que o evangelho está morto e cheio de dogmas. Homens que precisam ler mais a Bíblia, pois usam dela apenas o que lhes é conveniente.
 Por causa desse evangelho distorcido, identidades estão sendo perdidas. Há igrejas que por medo de perderem seus crentes para a concorrência, deixaram de lado a pregação do evangelho, para aderirem ao gospel, um neologismo inglesado que nos impuseram e não deve ser chamado de evangelho, pois não esclarece, confunde.
Há até mesmo alguns espertos que registraram o nome gospel como marca!
Hoje troca-se a pureza, a retidão do Evangelho, pelas leis de mercado onde as igrejas são meros negócios travestidos de templos. E nesses negócios, rios de dinheiro correm, a lavagem de dinheiro é feita a rodo, para quem pagar mais, seja o narcotráfico ou o PCC.
O que mais se ouve, nos nossos dias, é o 'adaptar-se', cuja tradução mais correta seria "mudar aquilo que o Evangelho prega, para não perder fiéis". Querem gospel? Tacamos-lhes gospel! Querem bagunça, reggae dentro da igreja! Toleremos, pois afinal é isso que os mantém aqui...Covardes! Ladrões empoleirados em púlpitos! Trocam a bênção da palavra pela inutilidade do movimento gospel.
Infelizmente muitos dos que se acovardaram e permitiram que suas igrejas fossem contaminadas pelos novos modismos  perderam a sua identidade definitivamente.  Charles Spurgeon diz que " A igreja deve atrair pela diferença e não pela igualdade”. Houve um tempo em que os crentes eram diferentes. Hoje a grande maioria optou pela igualdade, pela padronização. Falam "crentês", vestem-se da mesma forma, comportam-se como um batalhão de soldadinhos de chumbo. Tenho uma amiga que os chama de "lobotomizados".
Ouvi outro dia um pastor chamar uma determinada denominação de "quadrilha". Choquei-me. Mas é exatamente o que são! Homens ávidos por dinheiro, cujo negócio é abrir mais e mais igrejas, para aumentar a arrecadação. Jogam na bolsa milhões e milhões. Compram empresas, imóveis, tudo,enfim. Por causa destes homens, nós, os crentes em Cristo somos ridicularizados  com o slogam " templo é dinheiro" ,usado num programa humorístico. E penso: para todos os que montaram uma "quadrilha" travestida de igreja, templo é mesmo dinheiro. A mídia tem trazido as casas onde moram, os carros blindados com que andam, o luxo em que vivem esses "homens de negócio". Tratam a fé como uma mercadoria a ser vendida de forma fenomenal, para derrota da concorrência. E para derrotar a concorrência, vale inventar qualquer modismo, novidades que vão da unção peniana, ao reggae dançado dentro da igreja, como louvor. Tratam Deus como um empregado sempre pronto a atender seus pedidos. E também aos pedidos de seus fiéis, desde que intermediados por eles, depois de uma oração e "uma pequena contribuição". E você, meu amigo, além de tudo isso, assiste à guerra pelo espaço nas televisões, onde em vez de pregações, vendem suas mercadorias...Mascates da fé!
Que desperdício! Poderiam estar pregando o Evangelho. Mas não querem. Querem igrejas ricas, para desfrutar dessa riqueza.
Uma pena.
Que Deus tenha misericórdia deles.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O BELO
Pr.Ariovaldo Ramos


Certa feita, após uma palestra evangelística, fui procurado por uma senhora, que me questionou sobre como Deus nos manteve existindo, uma vez que Ele é santo e nós pecadores, e é nele que nós existimos. Mais que a ira de Deus, seria a santidade do Senhor que nos lançaria para o nada, uma vez que santidade e pecado são incompatíveis entre si.
Admiti a correção do princípio aplicado, porém, invoquei a relação entre o organismo que recebe um transplante, por exemplo de coração, e o órgão transplantado. A relação entre eles seria de rejeição mútua, não fosse a medicação administrada agir como mediadora entre ambos. Expliquei-lhe, então, ser esse o papel do sangue de Cristo, mediar a relação entre Deus e os pecadores, de modo a garantir-nos a continuação na existência.
Embora a resposta tenha satisfeito a senhora, uma questão, relativa à nossa sub-existência, ficou pendente: Uma vez que, ao nos afastarmos do Criador, nossa natureza tornou-se má, deixando-nos sem escolha, a não ser a de pecar, o que, invariavelmente, nos levaria a provocar a nossa extinção, seja por nossa virulência, seja pela justa ira divina, como quase aconteceu no dilúvio. Portanto, para sobreviver, tínhamos de ter nossa pecaminosidade refreada de alguma maneira, ou seja, algo dos atributos divinos teria de nos ser comunicado, pois nos tornamos incapazes de fazer o bem por nós mesmos, necessitando, portanto, de ajuda externa. Graças ao sacrifício de Cristo esse socorro foi possível, é o que alguns teólogos chamam de Graça Comum. É por tal favor divino que seres humanos, que não honram a Deus, conseguem amar, ter senso de justiça, cultivar padrões éticos, ser sensível ao belo, enfim, fazer o bem (por isso, rejeitar, a priori, as manifestações artísticas, como artes plásticas, teatro, cinema, música, entre outras possibilidades do gênio humano, só por não ter sido produzido por crentes no Senhor, é não compreender a atuação da Graça Comum).
A Graça Comum não é para a salvação, é para a manutenção da existência, a graça que é para a salvação é chamada de Graça Especial. A Graça Comum manteve o ser humano na existência, sustentando-nos num padrão ético-moral que não forçasse a precipitação da ira divina sobre nós, em primeiro lugar, para que Cristo pudesse vir; e, agora, mantêm a humanidade num nível de qualidade moral tolerável para que a Igreja possa ser completa, isto é, até que todos os que hão de ser salvos sejam alcançados, assim como, faz valer a pena a Igreja praticar as boas obras que Deus preparou para que andássemos nelas, no que cooperamos com a Graça Comum, sendo sal da terra e luz do mundo, pois, a Graça Comum dá ao não submisso a Deus condições de reagir ao bem. Essa graça permite-nos o que Francis Schaeffer chamou de co-beligerância, que é o ato da Igreja aliar-se aos demais segmentos da sociedade no combate por causas de justiça, como paz, direitos humanos, ecologia, entre outras.[
Quando falo da Graça Comum nos preservar na história, estou me referindo a situações como a fala do Eterno a Abraão sobre a história de seu povo: "Então o SENHOR disse: - Fique sabendo, com certeza, que os seus descendentes viverão num país estrangeiro; ali serão escravos e serão maltratados durante quatrocentos anos. Mas eu castigarei a nação que os escravizar. E os seus descendentes, Abrão, sairão livres, levando muitas riquezas. Você terá uma velhice abençoada, morrerá em paz, será sepultado e irá se reunir com os seus antepassados no mundo dos mortos. Depois de quatro gerações, os seus descendentes voltarão para cá; pois eu não expulsarei os amorreus até que eles se tornem tão maus, que mereçam ser castigados." Gn 15.13-16. Desta conversa pode-se depreender que a Graça Comum, diferente da Graça Especial, pode ser, de alguma maneira, resistida. E aqui o papel da Igreja se torna crucial, como parceira da Graça Comum na preservação da humanidade, como no caso de Sodoma e Gomora: "Finalmente Abraão disse: - Não fiques zangado, Senhor, pois esta é a última vez que vou falar. E se houver só dez? - Por causa desses dez, não destruirei a cidade. A Igreja deve ser a sociedade de justos na cidade, a partir do qual, a cidade possa sempre ser reinventada, livrando-a de se tornar torn tão mal que mereça ser castigada. Isso tem a ver com a incumbência, dada pelo Senhor, de ser o sal da terra. O que faz por meio da vida de devoção, pela prática da intercessão e pelo comportamento ético. Como sal da terra, a igreja detêm o avanço da maldade. Por outro lado, à medida em que a Igreja prega, apresenta-se como modelo e engaja-se na ação de recuperar a dignidade humana, por meio do serviço, está sendo luz do mundo, fazendo, portanto, a maldade retroceder.
Assim, a vida da Igreja é pura ação social
Fonte: www.ariovaldoramos.com.br



A ENDO-MÍSTICA DO REINO DE DEUS



                                    A endo-mística do reino de Deus

                                                       Pr. Ed René Kivitz                               

                    "Deus me é mais íntimo que meu íntimo, mais íntimo que eu a mim mesmo.”
                                          [Santo Agostinho, Confissões III, 6, 11]


   A presença do Amor de Deus em nós acontece no amor solidário ao próximo. Não há uma relação de causalidade entre o que vem primeiro e o que vem depois. Nas palavras de Assmann, “Deus solidário é o Deus em todos e de todos”. A presença de Deus se faz presente em nós quando nós nos abrimos ao próximo no amor solidário, e nós somos capazes disso porque o amor de Deus opera em nós. É um “acontecimento” onde os “dois amores” ocorrem simultaneamente, que só acontece na medida em que o amor solidário pelo próximo e o amor de Deus se fazem presentes ao mesmo tempo.

   Antes do amor solidário, Deus em nós está presente em nós como ausência. Para ter uma ideia do que seja a presença na forma de ausência, podemos tomar como exemplo a saudade. Nós não sentimos saudade de uma pessoa que está presente, e nem de uma pessoa de quem não sentimos a falta. Saudade nos mostra que sentimos a falta, a ausência da pessoa querida. A ausência dela está presente em nós, ou ela está presente conosco como ausência. De modo análogo, Deus está lá, mas como ausente, porque o seu amor em nós não é realizado. Como diz a primeira carta de João, “se nos amamos uns aos outros, Deus permanece em nós e o seu Amor em nós é realizado” (1João 4,12). Assim como pessoas que estão fisicamente próximas de nós só entram nas nossas vidas na medida em que nos abrimos a elas, podemos fazer analogia e dizer que Deus está no mais íntimo do nosso ser, mas se torna “Deus em nós” na medida em que nos abrimos para as angústias e alegrias das outras pessoas.

   É claro que, na vida concreta, há momentos em que precisamos e devemos buscar esse “Deus em nós” na solidão e no silêncio. Mesmo nesses momentos, há uma diferença entre ir “para dentro de si” de modo solitário, sem carregar consigo os sofrimentos e angústias de outras pessoas, e a busca de “Deus em nós” no mais íntimo do nosso ser levando conosco “os rostos, olhos e sorrisos...” da nossa gente. São buscas e encontros diferentes!

   Nesse sentido, o termo “nós” do “Deus em nós” não significa aqui o coletivo de indivíduos , cada um tendo seu Deus dentro de si, mas sim a relação comunitária entre sujeito-sujeito. Relação essa que se vive ao se fazer próximo do necessitado, e juntos na luta pela libertação sempre provisória e relativa, nos alegrarmos com o viver (a celebração do Deus da Vida). Assim, construindo uma sociedade mais humana e justa, sinal antecipatório do Reino de Deus, fazemos acontecer a presença do Deus em nós, o reinado de Deus que já está no meio de nós.
   A noção de que Deus e o seu amor se fazem presentes no meio de nós na medida em que amamos e servimos aos pobres e excluídos (cf 1Jo 4,12) é [...] o que Hugo Assmann chamou de “endo-mística”: “Deus em nós”.